O Banco Espírito Santo anunciou na noite desta quarta-feira que acumulou prejuízo de 3,488 bilhões de euros no segundo trimestre de 2014. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, a perda atingiu 3,577 bilhões de euros. O prejuízo bilionário acontece em meio à crise financeira do controlador que culminou em calote de empresas do Grupo Espírito Santo e pedido de recuperação judicial de parte do conglomerado.
O balanço reconhece que a maior instituição financeira privada de Portugal teve perdas bilionárias devido à exposição do banco às empresas do próprio grupo. "Fatores de natureza excepcional ocorridos durante o corrente exercício determinaram a contabilização de prejuízos, de imparidades e de contingências que se refletiram em prejuízo", diz o balanço.
O Grupo Espírito Santo teria de pagar à Portugal Telecom € 847 milhões, referente ao investimento na Rioforte, mas o valor não foi depositado. A RioForte entrou com pedido de recuperação judicial, assim como outras duas empresas do grupo português. A partir dessa crise, começaram as discussões para a redução de fatia da PT na CorpCo, a multinacional que será formada entre a Portugal Telecom e a brasileira Oi.
O BES lista seis motivos que levaram às perdas. A primeira razão foi a necessidade de "constituição de provisões para fazer face à exposição perante as empresas do GES". Outro motivo foi o "reconhecimento de imparidade na participação na Portugal Telecom". Também houve "anulação de juros incobráveis sobre crédito concedido pelo BES Angola" - a filial angolana também tem problemas de gestão e está passando para o controle do governo do país. Houve ainda piora de risco na carteira de crédito, diz o balanço.
Do resultado semestral, a maior parte do prejuízo veio das atividades domésticas. O BES Portugal registrou perdas de 3,414 bilhões de euros nos seis meses. Das filiais no exterior, as perdas somaram 162,8 milhões de euros. Os números mostram forte piora, mas o balanço de um ano atrás já mostrava prejuízo: no primeiro semestre de 2013, o BES teve prejuízo de 237,4 milhões de euros, novamente liderado pelas atividades domésticas.