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Bancos privados reduzem empréstimos e ampliam provisões

Reservas para calotes de Bradesco, Itaú e Santander saltaram 35% em um ano, chegando a R$ 15,7 bilhões

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Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:
Itaú aumentou reservas para eventuais calotes Foto: SERGIO MORAES | REUTERS

O aumento generalizado dos calotes e a possibilidade cada vez mais remota de os grandes bancos reaverem os recursos emprestados para a Sete Brasil impactaram o resultado das instituições privadas no primeiro trimestre. Obrigados a reforçar o colchão para perdas por causa da extensão da crise no Brasil, esses bancos não esperam uma reversão da inadimplência antes de 2018. Até lá, terão ainda o desafio de serem mais eficientes e de diversificarem suas receitas para compensar a fraqueza do crédito, que caminha para encerrar o ano em queda, a despeito de alguns sinais de melhora para o fim de 2016.

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A carteira de crédito dos três maiores bancos privados do País inverteu o sinal pela primeira vez em anos e chegou no primeiro trimestre de 2016 registrando retração em sua base anual. O crescimento da carteira vinha se desacelerando desde o ano passado, quando piorou a perspectiva da economia e as empresas entraram em dificuldades financeiras por causa da Operação Lava Jato. E agora cravaram o sinal negativo.

Juntos, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil reportaram lucro líquido contábil de R$ 10,965 bilhões de janeiro a março, cifra 5,56% menor do que a obtida no mesmo intervalo do ano passado, de R$ 11,61 bilhões. Essa é a primeira queda do lucro trimestral combinado dos bancos privados em sete anos. A última vez foi no quarto trimestre de 2008 e no primeiro de 2009, quando o resultado dessas instituições foi impactado pela crise financeira global.

Desta vez, o impacto vem do cenário doméstico, que tem feito não só os bancos encolherem suas carteiras como a gastar bilhões em provisões. Ao fim de março, o saldo de provisão para devedores duvidosos de Itaú, Bradesco e Santander atingiu R$ 82,929 bilhões, aumento de 25,55% em um ano e de 3,13% em relação a dezembro. Com isso, os gastos com calotes saltaram quase 35% no intervalo de um ano, para R$ 15,707 bilhões. Em um trimestre, subiram cerca de 14%. A exceção foi o Santander, que reduziu os gastos com calotes em relação a dezembro.

A queda, segundo Sérgio Rial, presidente do banco, é natural e não sinaliza alteração na linha de provisionamento da instituição, que segue com “luz amarela contínua”. “Não há preocupação diferente daquela que já vínhamos tendo. O cenário não se tornou muito pior. Os sinais de desemprego já eram claros em 2015”, disse ele, em coletiva de imprensa, na semana passada.

Além do aumento da inadimplência entre as grandes empresas, pesa a situação das pequenas e médias empresas. Sem conseguir um fluxo financeiro suficiente para cumprir suas obrigações, essas companhias estão entrando em atraso de forma mais acentuada. “Esperamos estabilização da inadimplência, que reflete o momento econômico, no fim do ano ou começo de 2017 e, a partir daí, movimento mais estável. Em 2018, o movimento talvez já seja de queda da inadimplência, recuperando a elevação de custo”, explicou Luiz Carlos Angelotti, diretor de relações com investidores do Bradesco, em conversa com analistas, na semana passada. Apesar do aumento nos calotes e da retração nas carteiras de crédito, os bancos não mexerem nas projeções anunciadas no início do ano. 

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