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BB e Cielo fecham acordo para criar empresa de R$ 11,6 bi na área de cartões

Cielo deterá 70% do capital da nova companhia e aportará R$ 8,1 bi na joint venture; negócio depende da autorização do BC e do Cade

Foto do author Aline Bronzati
Por Eulina Oliveira e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

O Banco do Brasil e a credenciadora Cielo anunciaram na noite de quarta-feira, 19, a criação de uma joint venture para gerir a operação de cartões de crédito e de débito do banco público. A nova companhia, avaliada em R$ 11,6 bilhões, terá 70% do capital social detido pela Cielo e os 30% restantes pelo Banco do Brasil. 

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A nova empresa será responsável por atividades de suporte à gestão de cartões, dentre elas a gestão de contas de pagamento, apoio ao gerenciamento e controle da segurança das transações e o pagamento de tarifas às bandeiras.

Segundo comunicado da Cielo, a nova empresa “será remunerada por meio da taxa de intercâmbio sobre as transações de crédito e débito realizadas com cartões emitidos pelo Banco do Brasil dentro do Arranjo de Pagamento Ourocard”. 

De acordo com Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo, esse modelo de remuneração é inédito no mundo e o novo negócio tem ainda entre seus objetivos realizar associações com outros parceiros, que gerariam também potenciais receitas adicionais. 

“O acordo com o Banco do Brasil já é a quarta iniciativa divulgada neste ano com o mesmo objetivo: criar novas avenidas de negócio para a Cielo que resultem na diversificação dos resultados da companhia e em ganhos de produtividade”, afirmou o executivo, em um comunicado. “Esse caminho já é uma tendência em outros mercados, em que grandes credenciadoras atuam também em outros elos da cadeia de pagamentos eletrônicos.”

As atividades de marketing, análise e concessão de crédito, relacionamento com o portador e ativação de clientes, além do risco de crédito, vão continuar sob a responsabilidade da área de cartões do Banco do Brasil.

Financiamento. Para a formação da nova empresa, a Cielo vai entrar com R$ 8,1 bilhões e o Banco do Brasil com os ativos dos cartões Ourocard. O aporte a ser feito pela credenciadora será integralmente financiado pela emissão de debêntures. Para isso, a Cielo já adiantou no comunicado que, após o fechamento da negociação, o Conselho da companhia fará uma assembleia geral extraordinária para propor a alteração do estatuto social com o intuito de reduzir o dividendo mínimo de 50% para 30% dos lucros auferidos em cada exercício.

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Já Banco do Brasil informou em fato relevante que, levando-se em conta a participação indireta do BB na Cielo, por meio do BB Banco de Investimento (BB BI), a participação societária indireta total do BB na sociedade ficará em 50,05%, sendo 42,27% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais. Nas contas do banco, o impacto financeiro estimado da operação no lucro líquido do Banco do Brasil será da ordem de R$ 3,2 bilhões.

Como implica em um rearranjo societário, a criação da nova empresa depende do aval do Banco Central. A operação também terá de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica. 

Superávit. Se o negócio entre Banco do Brasil e Cielo for aprovado por BC e Cade até o fim de dezembro, a operação engordaria o lucro do banco público e os dividendos neste ano a serem pagos em 2015. Com isso, segundo fontes de mercado, ajudaria, principalmente, o governo, controlador do banco, a entregar um melhor superávit primário neste exercício. 

Com a crise na Petrobrás e a postergação da divulgação do seu balanço, o governo terá de contar com outras fontes de recursos para bater sua meta fiscal e, portanto, os dividendos do BB viriam em um momento propício.

Um executivo diz que, se a operação não fosse em linha com a ajuda ao governo, valeria mais a pena a abertura de capital da área de cartões, assim como o BB fez com seguros, criando a BB Seguridade. Essa hipótese foi levantada no passado, mas não se concretizou. 

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