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BNY Mellon eleva projeção do IPCA de agosto após surpresa com IPCA-15

Economista-chefe da instituição disse que passou a trabalhar com uma projeção 'próxima a 0,37%' para o índice deste mês, contra uma estimativa anterior de 0,28%

Por Flavio Leonel e da Agência Estado
Atualização:

A economista-chefe do BNY Mellon ARX, Solange Chachamovitz, passou a trabalhar com uma expectativa de alta maior para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, depois de o IPCA-15 do mês, que é uma espécie de prévia do indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), surpreender nesta sexta-feira, 19, com uma elevação acima da esperada. Em entrevista à Agência Estado, a economista disse que passou a trabalhar com uma projeção "próxima a 0,37%" para o IPCA de agosto contra uma estimativa anterior de 0,28%.

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"Fomos surpreendidos pelas altas dos grupos Alimentação e Vestuário", justificou Solange Chachamovitz, acrescentando que as próprias coletas do BNY Mellon ARX continuam indicando que os preços dos alimentos estão voltando a um nível de alta um pouco mais forte, depois de um período de quedas. "É preciso ainda fechar a coleta para fecharmos definitivamente a projeção, mas tudo está encaminhando para isso (um número próximo de 0,37%)", disse.

Nesta sexta-feira, o IBGE divulgou que o IPCA-15 de agosto subiu 0,27% ante alta de 0,10% em julho. O resultado ficou no teto do intervalo de estimativas dos economistas consultados pelo AE Projeções, de avanço de 0,13% a 0,27%. Dos 42 analistas consultados, 41 esperavam variação abaixo do resultado divulgado pelo instituto.

No caso do BNY Mellon ARX, a expectativa era de uma taxa de 0,15%. Quanto aos grupos Alimentação e Vestuário, apontados como principais fatores de surpresa pela economista, o primeiro saiu de uma queda de 0,39%, em julho, para uma alta de 0,21% em agosto. O segundo saiu de uma alta de 0,15% para 0,68%.

"Entre estes fatores que estão surpreendendo para cima, o grupo Vestuário, possivelmente, deve voltar a ter deflação em setembro. O grupo teve um movimento mais retardado, já que subiu depois do esperado e vai cair mais tarde", afirmou Solange. "Mas, de fato, o trimestre vai ter uma inflação mais alta do que imaginávamos", salientou a economista, que trabalha com uma projeção de inflação acumulada, para 2011, próxima dos 6,5%, teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 4,5%, com tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

De acordo com a economista, o novo comportamento da Alimentação deve exigir um monitoramento maior do BC. "Isso porque os preços agropecuários do atacado estão se recuperando e as commodities agrícolas caíram muito pouco na crise, de maneira diferente da que aconteceu em 2008", explicou. "A Alimentação tem que ser monitorada, já que tem muito problema de oferta e pode não ajudar a inflação como imaginávamos que iria ajudar até o final do ano.

Juro

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O BNY Mellon ARX continua com uma previsão de que o Banco Central interromperá o ciclo de alta da Selic na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom) e iniciará em breve um período de cortes nos juros. Conforme o Termômetro do AE Projeções já havia adiantado na sexta-feira passada, a equipe de economistas do BNY Mellon ARX trabalha com a expectativa de que a diretoria do BC passará a cortar os juros a partir dos encontros do Copom de outubro e novembro, em forma de ajustes, para baixo, de 0,50 ponto porcentual.

"Continuo acreditando nisso, porque mais importante do que a inflação de curto prazo subir é a economia internacional deteriorando", destacou Chachamovitz. "Mas, de fato, a inflação de curto prazo atrapalha a estratégia do BC, se ela vier constantemente mais forte", ponderou.

A economista ressaltou que, apesar de ainda continuar com a previsão de cortes na Selic já em 2011, as decisões do Copom, a partir das reuniões de outubro, ainda estão bastante ligadas a todo cenário da economia que deverá ser visto de agora às vésperas do encontro do décimo mês do ano. "Depende muito também de como será o mês de setembro,em termos de economia externa, especialmente em relação à Europa", disse. "Mas não houve mudança (na expectativa)", ratificou.

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