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Boeing propõe criação de empresa para unir operação comercial com Embraer

Negócio de defesa da Embraer, segmento que o Brasil considera estratégico e não abre mão do controle, seria mantido fora dessa nova estrutura

Por Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - A Boeing apresentou nesta quinta-feira, 1, ao governo brasileiro a proposta de criar uma terceira empresa para unir as operações de aviação comercial com a Embraer. Fora dessa nova estrutura, seria mantido o negócio de defesa da Embraer, segmento que o Brasil considera estratégico e não abre mão do controle. 

A intenção foi apresentada a autoridades federais, mas ainda não houve decisão sobre a proposta, segundo duas fontes que acompanham o tema. O novo modelo foi antecipado mais cedo pelo jornal "O Globo". As ações da empresa brasileira dispararam na B3.

A oferta da Boeing avalia a companhia em US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões, segundo uma fonte. Foto: Roosevelt Cassio|Reuters

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Com a nova proposta sobre a mesa, o comitê criado pelo governo para avaliar o negócio estuda o novo modelo para analisar se os interesses do Brasil serão protegidos. 

A primeira avaliação, porém, parece construtiva. Uma das pessoas que acompanha o tema disse ao Estado que "a cláusula pétrea para o governo é que a parte militar fique fora do negócio".

A principal preocupação, especialmente da área militar, é que futuras decisões estratégicas para o desenvolvimento na área de defesa da Embraer tenham de passar pelo crivo dos Estados Unidos. Essa hipótese poderia ocorrer caso a Boeing tenha o controle de todos os negócios da Embraer - aviação civil e defesa. O novo modelo, portanto, tenta contornar essa situação ao blindar o braço militar dos norte-americanos.

Uma das fontes nota que o governo brasileiro avalia apenas questões estratégicas protegidas pela chamada golden share - que dá poder de veto ao Palácio do Planalto. A negociação comercial, ressalta, não é tema de preocupação do governo brasileiro. "Não interferimos em negociação empresarial", diz.

Na conversa entre as duas companhias, há percepção em Brasília de que a Boeing "tem mais pressa para fechar o negócio que o governo". Como o Estado publicou, executivos da Boeing gostariam de concluir as negociações o mais rápido possível para evitar que o negócio seja tema das eleições presidenciais.

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Em Brasília, permanece a percepção de que a combinação dos negócios da Boeing e Embraer é boa para os dois lados e que o governo torce para uma solução positiva para a intenção das duas empresas.

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