Publicidade

Brasil está preparado para crise, mas não está imune, diz Mantega

Ministro disse que não haverá aumentos de salários na administração pública e que, se houver exagero na desvalorização cambial,  governo vai atuar nos derivativos  

Foto do author Célia Froufe
Foto do author Adriana Fernandes
Por Célia Froufe (Broadcast), Adriana Fernandes e da Agência Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira, 8, que, apesar de o Brasil estar preparado para enfrentar um quadro econômico mais complexo no cenário internacional, o País não está imune. 

PUBLICIDADE

Segundo o ministro, se houver exagero na desvalorização cambial, o governo vai atuar com maior força nos derivativos como já começou a atuar. Segundo ele, se faltar crédito para o comércio do Brasil com o exterior, o País tem reservas para suprir as necessidades. Ele disse ainda que, se faltar crédito no mercado interno, os bancos privados estão sólidos e o Brasil tem também os bancos públicos que outros países não têm.

"Armamentos não faltam", disse Mantega em uma entrevista coletiva, após reunião de coordenação com a presidente Dilma Rousseff sobre a situação da crise internacional.O ministro comparou a crise atual a um estágio de 2,2 na escala Richter, enquanto em 2008 a crise era de 8,8. Ele reconheceu que houve uma deterioração do quadro, mas ponderou que o governo está agindo para minimizar o impacto. Mantega não quis antecipar medidas, mas acrescentou: "Temos fiscal, temos reserva monetária muito maior do que tínhamos antes. Ataque cambial não vai haver aqui".Ele avaliou que, nos países avançados, a crise não terminou mas sim mudou de face. "Ela continuou".Mantega, deu a senha de como será a ação do governo para o enfrentamento do agravamento da crise internacional: fortalecimento da situação fiscal. O ministro prometeu todos os meses um resultado fiscal melhor. "Prometo a cada mês uma surpresa no fiscal. Cada vez ter um resultado melhor, como já tivemos no mês passado, melhor do que todos esperavam", disse.O ministro disse que o governo vai fortalecer as empresas brasileiras. "O perigo não é no Brasil. O Brasil é um dos países que está melhor preparado para enfrentar essa crise".

O ministro disse que o governo vai ter que tomar mais medidas para impedir que a economia brasileira seja atacada por oportunistas e outros desesperados que vão ter por aí. Ele traçou esse quadro porque, na sua avaliação, os Estados Unidos vão continuar com a política de afrouxamento monetário e adotar o chamado quantitativo 3. Segundo ele, essa política monetária mais frouxa é ruim porque ela vai provocar uma "agudização da guerra cambial", com os países tentando desvalorizar as suas moedas. "E vamos tomar mais medidas", disse Mantega.O ministro disse que esse quantitativo 3 é um dos perigos agora porque os americanos, na falta de outros instrumentos, vão continuar despejando crédito e liquidez no mercado. Na sua avaliação, isso só vai desvalorizar o dólar e não vai resolver o problema. "Parece que eles não têm outra alternativa, enquanto o Congresso estiver resistindo e, para nós, é ruim esse quantitativo 3", disse. Sem aumento de saláriosMantega afirmou que não haverá aumentos de salários na administração pública federal neste momento porque é preciso zelar para que haja um bom resultado fiscal. "Não admitiremos aumento de gastos de qualquer natureza. Isso é muito importante neste momento e é o que nos distingue de outros países", disse.Mantega não quis adiantar qualquer posicionamento sobre o desdobramento da crise mundial. Tentando transmitir otimismo, o ministro da Fazenda disse: "Pode ser que a crise acabe esta semana, que não haja um agravamento nos próximos dias. Pode ser que os mercados melhorem". Ele lembrou que o humor dos mercados depende do restabelecimento da confiança na economia dos países. Segundo o ministro, o G20 entrou em cena para oferecer o apoio dos países emergentes neste momento de crise mundial.

Mantega se esquivou de indicar o que gostaria de ver no âmbito da política monetária neste momento de turbulência internacional. Durante entrevista, ele foi indagado diretamente por um jornalista sobre se o novo cenário já propiciaria um ambiente de redução dos juros. "É preciso estar diante do problema para dar a solução", desconversou. Mantega garantiu na sequência que o Brasil protegerá sua moeda. "Não haverá ataque cambial aqui", disse. Mantega ainda foi questionado a respeito das recomendações da presidente Dilma Rousseff sobre a crise internacional. Segundo ele, a presidente determinou que tudo fosse monitorado a todo momento e que ele continuasse em contato com seus colegas do restante do mundo. No início da entrevista coletiva, após participar de reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff, assim que se aproximou dos jornalistas, Mantega perguntou se todos estavam bem. Após resposta afirmativa, ele brincou: "Isso quer dizer que vocês não tinham ações na Bolsa."

(Texto atualizado às 19h47)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.