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Câmbio e crise externa abalam confiança da indústria, diz economista

Para Aloisio Campelo, da FGV,  câmbio permanecerá apreciado, apesar das medidas adotadas pelo governo nesta semana

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

A apreciação do câmbio e a percepção de que a crise que afeta Estados Unidos e Europa pode se estender, mais os efeitos das medidas do governo federal para conter o crédito, são os principais fatores que têm afetado a confiança do setor industrial, afirmou o coordenador da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, Aloisio Campelo.

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De acordo com a sondagem, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 2% de junho para julho, de 107 pontos para 105 pontos, numa escala de 0 a 200 pontos. Mas não é só na margem que o levantamento tem demonstrado queda. As previsões para três e seis meses à frente também têm sinalizado redução no otimismo do empresário. É o caso do Indicador de Expectativas (IE), que caiu 3,7% na passagem de junho para julho e indo para 102,6 pontos, abaixo da média histórica de 103 pontos pela primeira vez desde agosto de 2009.

"O ICI caiu pela sétima vez consecutiva refletindo a desaceleração da produção física da indústria de transformação, o que levou à redução da expectativa em relação ao nível de emprego industrial", disse o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

O emprego previsto ficou em 102,8 pontos, ante 118,9 em junho. De acordo com Campelo, o nível de estoques aumentou, saindo de 102 pontos em junho para 104,4 pontos em julho, o que levou a uma queda do Indicador de Expectativas (IE).

Medidas câmbiais

O economista avalia que o câmbio permanecerá apreciado, apesar das medidas adotadas pelo governo nesta semana. Isso porque, segundo ele, o Brasil continuará recebendo intenso fluxo de investimentos estrangeiros porque a economia brasileira tem registrado taxas de crescimento superiores a de outros países e oferece um diferencial de juros muito atrativo.

"Isso estimula a entrada de investimentos estrangeiros no País", disse Campelo, para quem as medidas cambiais ainda assim são interessantes no sentido de tentar conter a apreciação "indesejável" do real frente ao dólar por razões estruturais. Ele lembrou que o dólar norte-americano vem perdendo valor frente a diversos outras moedas.

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Política industrial

Campelo mostrou-se otimista sobre as medidas que devem ser anunciadas pelo governo na próxima terça-feira para estimular a produção industrial brasileira. "Estou mais otimista do ponto de vista da inovação, porque a tecnologia tem de acompanhar o setor produtivo e este deve ser um dos principais focos do conjunto de medidas", afirmou. Ele ressaltou o papel que a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, passará a ter no conjunto dessas medidas.

"A Finep deve se tornar uma espécie de BNDES para o financiamento da inovação tecnológica para o setor industrial", disse. Campelo explicou que há outros pontos deficientes na produção nacional, mas que a inovação é fundamental para a indústria nacional.

Nuci

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As indústrias brasileiras que exportam até 50% da sua produção são as mais prejudicadas pela apreciação do real frente ao dólar norte-americano. Campelo tomou como a comparação do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) desse segmento industrial em relação ao das indústrias que têm produção voltada para o mercado doméstico.

Neste mês, o Nuci das indústrias francamente exportadoras foi de 82,6%, abaixo da média histórica, desde 2003, para este segmento que é de 83,9%. Em julho, o Nuci das empresas voltadas para o mercado interno foi de 85,5%, contra uma média histórica de 82,4%.

Campelo informa que o Nuci da indústria nacional, como um todo, foi de 84,1% em julho, superior à média histórica de 83,3%.

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