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Capgemini compra controle da CPM Braxis

Empresa francesa paga R$ 517 milhões por 55% das ações da maior empresa brasileira de serviços de tecnologia da informação

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A companhia francesa de serviços de tecnologia de informação Capgemini comprou o controle da brasileira CPM Braxis, por R$ 517 milhões. A operação, antecipada pela coluna Direto da Fonte, da jornalista Sônia Racy, foi anunciada na quinta-feira, 2, depois de quatro meses de negociação.

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Com a aquisição, a multinacional fica com 55% das ações da empresa que, por sua vez, passa a figurar entre as dez maiores do mundo no segmento de serviços de TI. A compra do controle da CPM Braxis foi feita por dois mecanismos distintos: a compra proporcional de um terço da participação dos acionistas, por R$ 230 milhões; e um aporte de capital de R$ 287 milhões, para investimentos e pagamento de dívidas.

O Bradesco, maior cliente da CPM Braxis e também o maior acionista da companhia brasileira, passa a ter 20% da empresa. Em maio, o banco havia comprado a participação do Deutsche Bank na CPM Holding, ficando assim com 54% das ações naquela ocasião.

Na nova composição acionária, a holding Braxis deterá 12% da empresa; funcionários, 3% e os fundos de private equity (Gávea, Alothon e Infors), 11%. A CPM não detalhou a participação dos acionistas antes da chegada da empresa francesa. De acordo com o contrato, após três anos, a Capgemini tem a opção de comprar os 45% restantes e os acionistas também têm a possibilidade de vender suas ações.

"Normalmente, temos 100% das nossas controladas, mas nesse caso acertamos uma participação diferente porque os acionistas entenderam que tinham como se beneficiar do crescimento", disse o executivo chefe da Capgemini, Paul Hermelin.

Por enquanto, os executivos brasileiros continuam no comando das operações. José Luiz Rossi segue na presidência da companhia e o ex-banqueiro Jair Ribeiro, na presidência do Comitê Executivo do Conselho de Administração. "Enquanto o mercado cresceu 3% em 2009 por causa da crise, nós crescemos 38%", disse Ribeiro, referindo-se aos R$ 1,4 bilhão de novos contratos firmados no ano passado. Ribeiro era um dos antigos acionistas da Braxis IT, empresa que em 2007 se uniu à CPM e à Unitech, dando origem à CPM Braxis.

IPO

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A ideia inicial da empresa brasileira era financiar sua expansão com a abertura de capital. A empresa chegou a fazer uma tentativa antes da crise e voltou a cogitar o IPO esse ano, até iniciar as negociações com a Capgemini. "Chegamos a conversar com outros cinco interessados e até ontem (quarta-feira) antes de assinarmos o contrato tinha gente ligando para entrar no negócio", diz Ribeiro. Os documentos começarão a ser assinados na madrugada de quinta, entre 2h e 5h da madrugada.

A multinacional, presente em mais de 35 países e com faturamento global de 8,4 bilhões de euros, havia declarado seu interesse pelo Brasil à impressa francesa no início do ano. O executivo chefe do grupo considerava fraca a atuação da companhia em economias emergentes, como China e Brasil. Na Índia, a empresa já tem uma operação relativamente forte com 27 mil funcionários. "Estamos dando ênfase ao mercado chinês, América Latina e leste europeu", disse.

Hermelin afirma que, por enquanto, não há planos de novas aquisições no Brasil. Por aqui, a companhia mantinha até agora uma atuação modesta, com 600 funcionários, para atender clientes como Unilever e Santander. "Com a CPM, queremos ganhar escala no mercado local e vender serviços, principalmente remotos, para outros países", diz o executivo.

Prejuízo

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Do lado da CPM Braxis, o negócio foi fechado mais por necessidade do que por oportunidade, diz uma fonte do mercado. "Eles vinham registrando prejuízos consecutivos e precisavam sanar suas dívidas." O balanço de 2009 ainda não foi publicado, mas os resultados dos dois anos anteriores mostram que a empresa teve prejuízo de R$ 102 milhões em 2007 e R$ 162,2 milhões em 2008.

No ano passado, a receita da CPM Braxis foi de R$ 817 milhões e deve chegar esse ano a R$ 970 milhões. Com 200 clientes e 5,5 mil funcionários, a empresa é a líder do setor no Brasil.

Hoje o mercado brasileiro de serviços de TI cresce cerca de 10% ao ano. "Mas ainda temos uma participação tímida em exportação", diz Antonio Gil, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia de Informação e Comunicação (Brasscom), ao comentar a relevância do negócio fechado entre CPM e Capgemini.

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No mundo, o setor movimentou no ano passado US$ 1,3 trilhão, dos quais US$ 100 bilhões foram em exportação. Em serviços de TI, o Brasil exportou no ano passado US$ 4 bilhões e deve chegar a US$ 20 bilhões em 2020.

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