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Carrefour volta ao e-commerce no Brasil depois de quatro anos

No início, a operação irá atender toda a região Sudeste; o plano é vender também alimentos no ano que vem

Foto do author Márcia De Chiara
Foto do author Fernanda Guimarães
Por Márcia De Chiara e Fernanda Guimarães
Atualização:
O CEO do Carrefour no Brasli, Charles Desmartis Foto: Sergio Castro/Estadão

O Grupo Carrefour volta nesta terça-feira, 26, ao varejo eletrônico no País, depois de um jejum de quatro anos. A retomada desse canal, abandonado pela companhia no Brasil em 2012, foi desenhada nos últimos dois anos numa plataforma que permite a integração entre as operações física e online, a exemplo do que já existe em e-commerces de sucesso, como o do Magazine Luiza.

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Inicialmente,a operação irá atender toda a região Sudeste com a venda de 12 categorias de produtos entre eletroeletrônicos, artigos de cama, mesa e banho e utilidades domésticas.

"Não queremos ser uma Amazon", diz Charles Desmartis, CEO do Grupo no Brasil, fazendo referência da diversidade de segmentos nos quais a gigante do comércio eletrônico atua. Ele não revela as cifras investidas nem a expectativa de faturamento do e-commerce, mas ressalta que os investimentos foram enxutos e focados em tecnologia. 

A expansão da loja online será gradual tanto em termos geográficos como na oferta de produtos. O plano é começar a vender alimentos só no primeiro semestre do ano que vem, inclusive os refrigerados, seguindo o modelo de operação do Grupo para esses itens que já funciona na França e na Espanha. Ao final deste ano, o site inicia a operação como marketplace incorporando outras categorias como itens para automóveis e ferramentas, cultura, lazer e petshop.

No começo, o serviço online irá contar com um centro de distribuição exclusivo em Embu das Artes, em São Paulo. Depois disso, a operação do e-commerce irá compartilhar os centros de distribuição das lojas físicas.

Francisco Donato, diretor do e-commerce, com passagens pelo comércio online do Magazine Luiza e Walmart, explica que um dos diferenciais do comércio online do Grupo será a forma intuitiva de se relacionar o com o consumidor. Ele diz que muitos consumidores não sabem onde localizar os produtos que procuram dentro do site. Por isso o projeto procura reunir os itens no local onde será usado. Exemplo: uma máquina de lavar e um ferro de passar estarão no ícone lavanderia.

Sem milagres. Cauteloso, o projeto da rede francesa não promete milagres, com frete grátis ou entregas expressas num país com grandes dificuldades logísticas. "O frete será cobrado e o prazo de entrega das mercadorias será o de mercado", avisa Donato. Um diferencial a ser implantado a médio prazo será a compra do produto pelainternet e a retirada na loja, além da possibilidade de pegar um produto num drive-thru. Também o consumidor poderá cancelar sozinho a compra no site. 

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Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), observa queo drive-thru das compras online já representa 5% do varejo alimentar na França, especialmente de itens refrigerados. "Há naquele País mais de 5 mil pontos de coleta. É uma movimento muito forte na França, capitaneado pelo Carrefour e pelo Casino."

Segundo especialista, o tamanho do e-commerce no País não permite que um varejista de peso, como Carrefour, fique fora do jogo. O e-commerce representa 3% do varejo brasileiro. Na Inglaterra é 12% e nos EUA, 10%.

Terra diz que a estratégia cautelosa de investimento do Carrefour é positiva. "Nos últimos tempos o comércio eletrônico estava doente, sangrando, com práticas agressivas de frete grátis, parcelamento de longo prazo sem juros e preços muito baixos." Segundo ele, a crise está sendo positiva para o setor para colocar as coisas no lugar.

O relançamento da plataforma de e-commerce no Brasil irá permitir ao Grupo Carrefour complete todos os segmentos em nos os países em que a varejista possui operação própria. O Brasil é hoje o único País que possui todas as bandeiras do Grupo. ComR$ 42 bilhões de receita bruta no ano passado, o Brasil é a segunda operação do grupo francês em todo o mundo. Aqui, o grupo possui 103 hipermercados, 20 Carrefour Express e 126 unidades da bandeira Atacadão.

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Abertura de capital. Desmartis afirma que uma abertura de capital do Grupo Carrefour no Brasil está no radar há dois anos e não há pressa para uma capitalização. "Queremos ter uma operação 'slim' em termos de estrutura de capital e capex", disse o executivo, em coletiva de imprensa em São Paulo.

Desmartis explica que o relançamento do e-commercenão demandou um fluxo de capital intensivo e que a mobilização de recursos, assim, foi marginal. Dessa forma, o projeto de e-commerce não acelerou a necessidade de abertura de capital no Brasil.

O executivo cita o momento da economia brasileira e diz que um passo no sentido de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) irá acontecer em um momento adequado do mercado. "O dia em que acharmos certo e num ambiente adequado do cenário de mercado."

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O projeto para uma oferta de ações do Carrefour havia ganhado força em 2014, segundo fontes, e a expectativa era de movimentar cerca de R$ 1 bilhão. Mas a crise interna do País colocou os planos em compasso de espera. O Brasil não é palco de IPOs desde junho do ano passado, mas existe uma expectativa para reabertura desse mercado em outubro.

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