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Com câmbio mais favorável, Vivo deve liderar operações da Telefônica no mundo

Pela 1ª vez na história, subsidiária brasileira deve ultrapassar a receita da matriz do grupo espanhol, que atua em 21 países; companhia, que faturou R$ 42,5 bilhões em 2016, vai investir R$ 24 bilhões no País nos próximos três anos – de 2017 a 2019

Por Monica Scaramuzzo
Atualização:

A Telefônica Vivo deve passar a ser a maior empresa do grupo espanhol em faturamento este ano, ultrapassando a receita da matriz pela primeira vez, afirmou ao ‘Estado’ o presidente da companhia no Brasil, Eduardo Navarro. Em rentabilidade, contudo, a subsidiária brasileira ainda ficará abaixo das operações do grupo na Europa. “O Brasil é o principal mercado da Telefônica e é para onde ela destina a maior parte de seus investimentos”, disse.

Para Navarro, aposta da tele será na ampliação de serviços digitais no País Foto: Nilton Fukuda|Estadão

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Líder no Brasil em telefonia móvel, com receita de R$ 42,5 bilhões no ano passado, alta de 0,9% sobre 2015, a Telefônica Vivo deve investir no País R$ 24 bilhões nos próximos três anos - de 2017 a 2019 -, dos quais um terço este ano. No ano passado, o grupo registrou faturamento global de ¤ 52 bilhões. O País ficou em segundo em maior receita, de ¤ 11,097 bilhões, ante ¤ 12,713 bilhões da Espanha.

O grupo atua 21 países. O câmbio mais favorável no País, disse Navarro, poderá colocar a subsidiária brasileira à frente da matriz em receita - ou, no mínimo, com um empate de faturamento - e também ajudará a reduzir os custos da companhia no País. 

No ano passado, o grupo no Brasil ficou na vice-liderança em geração de caixa - o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), com ¤ 3,714 bilhões (a matriz teve geração de caixa de ¤ 4,4 bilhões). Em 2016, os resultados do Brasil foram impactados pelos custos (mão de obra, energia e câmbio). A pressão dos custos sobre a receita tende a ser menor neste ano.

“A expectativa macroeconômica dá sinais de recuperação. É um cenário bem melhor que o do ano passado”, disse Navarro, que também integra o Conselhão de Temer. 

No grupo desde 2002, o executivo ficou quase 15 anos na Espanha, onde atuava como um dos braços direitos dos principais executivos da empresa, atuando como diretor comercial. Voltou ao Brasil para assumir a presidência no ano passado substituindo Amos Genish, que deixou a companhia para integrar a francesa Vivendi.

Em 2016, a Vivo foi beneficiada por decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que autorizou a conversão de cerca de R$ 4,8 bilhões em multas em investimentos. Esse acordo permitirá fazer ampliação em fibra óptica, disse o executivo.

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Meta para o ano. Uma das principais metas da companhia será expandir a experiência digital do consumidor. O foco será na expansão de sua rede 4G. Hoje, a tecnologia está em 633 cidades, e a meta é atingir 2 mil municípios até o fim deste ano. “Vamos continuar a investir em 3G (já atua em 3 mil cidades) e em fibra óptica”. O uso inteligente de dados do consumidor conectado também está entre os principais desafios.

O faturamento da Vivo, assim como de outras operadoras, tem sido impulsionado pelo aumento nas receitas de dados, especialmente nos serviços móveis, que compensa o recuo dos serviços de voz. 

A queda da venda dos smartphones, segundo ele, não é um sinal negativo. “É uma tendência global, à medida que as inovações de celulares de um ano para outro não estimulam tanto o consumidor a trocar os aparelhos com maior frequência”, disse. “O impacto da crise foi maior com TV a cabo. As pessoas não querem abrir mão da internet.” Segundo ele, os serviços digitais vão continuar a ter crescimento acima de dois dígitos nos próximos anos. Atualmente, a maior parte do faturamento do grupo vem da banda larga - fixa e celular. 

Para Eduardo Tude, da consultoria Teleco, o futuro das teles, mais do que os serviços de dados, está na transformação digital. “Tem de ir além do pacote de dados e oferecer serviços digitais, como aplicativos de educação, como a Vivo já faz, serviço de casa inteligente e carro conectado, por exemplo.”