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Após renegociar tributos, JBS tem lucro de R$ 323 milhões

Sem efeito de adesão a programa de regularização tributária, resultado da empresa no 3º trimestre teria sido de R$ 1,9 bilhão

Foto do author Renata Agostini
Por Renata Agostini e Monica Scaramuzzo
Atualização:

Imersa numa profunda crise de reputação e com seus principais acionistas presos, a JBS reportou nesta segunda-feira, 13, ao mercado o que afirma ser o melhor resultado de sua história. Nessa conta, considera o lucro líquido recorde de R$ 1,9 bilhão, valor que teria obtido no terceiro trimestre caso não tivesse aderido ao Programa Especial de Regularização Tributária (Pert) – com os gastos do programa, o resultado caiu para R$ 323 milhões.

Escândalos de corrupção e questões sanitárias vêm impactando negativamente os números da companhia Foto: Werther Santana/Estadão

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O desempenho operacional foi decisivo para atenuar o que vinha sendo o principal ponto de preocupação dos investidores ao olhar os números da JBS: o alto endividamento.

A empresa, que em julho precisou renegociar com bancos mais de R$ 20 bilhões em dívidas sob o risco de não conseguir honrar compromissos, anunciou corte de R$ 4,8 bilhões na dívida líquida. Mais da metade veio do dinheiro gerado na própria operação. A venda de ativos, como a operação em países do Mercosul, também ajudou.

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Com isso, a JBS conseguiu levar o endividamento para 3,4 vezes sua capacidade de geração de caixa (Ebtida – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Não é ainda onde prometeu chegar. A meta é levar para abaixo de 3 vezes o Ebtida. Mas, por ora, a JBS já ostenta patamar de endividamento mais confortável do que os competidores brasileiros e em linha com os rivais estrangeiros, diz a empresa.

“No meio de todo barulho que o grupo passou, tivemos o melhor resultado da história”, afirmou ao Estado o diretor de operações, Gilberto Tomazoni.

A expectativa da empresa é que não seja necessário um novo acordo de reestruturação de sua dívida aos moldes do que foi feito este ano e que a relação com os bancos volte ao normal no primeiro semestre de 2018.

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A empresa creditou o resultado ao forte aumento das vendas em mercados desenvolvidos. Isso porque, em países como o Brasil, que responde por 12% do negócio, os números vieram muito abaixo do esperado.

As receitas da operação brasileira de carne murcharam, especialmente diante da queda de vendas para o mercado interno. A principal razão, segundo a companhia, foi a necessidade de redução dos abates em 17% no trimestre.

Sob nova direção. A expectativa é que a JBS consiga manter o nível de geração de caixa nos próximos trimestres e que o resultado anunciado não seja “fora da curva”. “As perspectivas para os próximos meses continuam positivas. Os mercados americano e canadense serão beneficiados pelo aumento de renda e queda do desemprego.

Na Austrália, há perspectivas melhores depois da seca que atingiu o país”, afirmou André Nogueira, presidente da JBS USA. “No Brasil, temos capacidade ociosa e podemos crescer ainda mais”, disse Tomazoni.

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O alto escalão da JBS tentou diminuir o impacto da saída de Wesley Batista do comando do negócio. Preso desde o dia 13 de setembro, ele foi substituído pelo pai e fundador da JBS, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro.

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“Uma empresa desse tamanho não pode ficar num único nome”, afirmou Nogueira. “Cada camarada que roda uma operação da JBS age como dono daquele pedaço. É esse o motivo de estarmos apresentando, mesmo com a saída do Wesley, um resultado recorde”, disse.

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