CANNES - Depois de se aproximar de líderes de esquerda como Hugo Chávez, que presidiu a Venezuela, e Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, de fazer uma trilogia crítica à Guerra do Vietnã, de biografar os presidentes republicanos Richard Nixon e George W. Bush, o cineasta Oliver Stone está pronto para comprar mais uma briga.
Seu próximo filme é Snowden, que estreia em outubro nos Estados Unidos, e vai contar a história de Edward Snowden, funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) que revelou ao mundo as táticas de investigação do governo americano.
O cineasta de 69 anos, que tem 29 créditos em sua carreira, contou que o filme foi feito com dinheiro europeu – a maior parte dos recursos veio da Alemanha e da França. “Todos os grandes estúdios de Hollywood recusaram o filme”, lembrou Stone, durante sua participação no Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade. A produção, que está pronta há cerca de um ano, vai ser lançada por uma distribuidora independente americana, a Open Road Films.
Segundo Stone, um dos fatores que atraíram seu interesse para a biografia de Snowden foi a extensão da vigilância americana sobre o resto do mundo. “O que está acontecendo vai muito além do que George Orwell jamais poderia ter antecipado”, disse o cineasta, que se encontrou diversas vezes com o biografado, que está exilado na Rússia, para escrever o roteiro.
Como de costume, o diretor de Platoon, Nascido em Quatro de Julho e JFK não fugiu de temas polêmicos, como a eleição americana. “Quem consegue entender o que o Donald Trump quer?”, questionou.
No que diz respeito à espionagem no exterior, o diretor Stone disse, no entanto, que os dois candidatos – Trump e Hillary Clinton – têm a mesma visão. “Eles não querem menos vigilância, eles querem mais.”