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Comer em SP é mais caro que em NY

Quem viaja ao exterior constata que também na Europa, na China e na vizinha Buenos Aires os preços dos restaurantes estão mais baratos 

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

São Paulo é hoje uma das cidades mais caras do mundo para comer fora. Quem viaja para o exterior se assusta com as diferenças de preços. Num restaurante de classe média da capital paulista, 270 gramas de filé mignon grelhado, sem acompanhamento e taxa de serviço, custa R$ 41,80. Por esse valor se faz uma refeição completa e de qualidade em Paris, Nova York, Buenos Aires e Pequim.

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Duas referências: Em Nova York, por US$ 25 (R$ 42,15) se come o tradicional filé com fritas do Balthazar, um dos restaurantes mais badalados do mundo, com mais de duas horas de espera para conseguir uma mesa. Pelos mesmos US$ 25 se come uma entrada, prato principal com carne, sobremesa e, de quebra, água mineral em restaurantes do boa qualidade nos charmosos bairros de Palermo e Recoleta de Buenos Aires.

Mesmo considerando que o real se valorizou 5% nos últimos 12 meses ante o dólar, os preços na cidade de São Paulo estão acima do que seria considerado razoável.

Comer fora de casa se tornou um opção indigesta para os brasileiros também quando se compara os custos dos alimentos com o preço do prato. Com os R$ 41,80 desembolsados por 270 gramas de filé mignon no restaurante é possível comprar praticamente um quilo do mesmo corte de carne num supermercado em São Paulo (R$ 45,90).

Donos de restaurante atribuem os preços elevados das refeições no País aos altos custos de mão de obra e de aluguel e à alta dos alimentos nos últimos meses. "A culpa é do bife", afirma Antonio Comune, coordenador do IPC-Fipe, que mede a inflação em São Paulo, a capital gastronômica do País.

Com a escassez de chuvas e a diminuição na oferta de bois, o preço da carne subiu. E o produto é base das refeições fora de casa, explica o economista.

Por isso, do tradicional prato feito e prato do dia à refeição à la carte, houve uma alta generalizada de preços em 2010. A alimentação fora de casa subiu quase o dobro dos índices gerais de inflação no ano passado e acompanhou de perto a subida dos alimentos em geral, apontam dois indicadores de inflação.

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Os preços da alimentação fora de casa aumentaram 10,62% no ano passado no IPCA, a medida oficial de inflação do País. Enquanto isso, o índice geral de inflação no período acumulou alta de 5,91%. Comer em restaurante, bar ou lanchonete foi o segundo maior fator de pressão da inflação: respondeu por 0,46 ponto porcentual do resultado IPCA de 2010. Só perdeu para a carne, que subiu 26,64% e respondeu por 0,64 ponto porcentual da inflação total.

Comercial. Resultado semelhante foi constatado no IPC-Fipe. No ano passado, a inflação geral medida pelo indicador foi de 6,4% e a alimentação fora de casa subiu 12,10%. As maiores altas, todas na casa de dois dígitos, foram constatadas nas refeições que levam carne. O comercial foi campeão de alta e ficou 13,81% mais caro em 2010, seguido pelo filé com fritas (13,50%).

Já o prato do dia, no qual é possível trocar a carne bovina pelo frango ou carne suína, e o feijão, que subiu 63,62% em 2010, pelo macarrão, aumentou 12,48% no ano passado. No caso da comida por quilo, a alta foi de 11,38% no período, segundo o IPC-Fipe.

"Não me lembro de o preço da carne ter subido tanto como ocorreu nos últimos meses", observa o presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Para ele, o principal fator que pressionou os preços da alimentação fora de casa foi a disparada da carne bovina. "O filé mignon subiu 67% e a picanha 57% em 2010." Ele diz que a carne bovina puxa as demais. Os alimentos respondem por 35% do custo do prato, diz. A mão de obra é o segundo maior custo dos restaurantes e pesa entre 22% e 23%. 

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