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Conselho fiscal da Usiminas questiona destituição de alta cúpula da siderúrgica

Órgão contesta a parcialidade do voto do presidente do conselho de administração da siderúrgica, Paulo Penido, que culminou na demissão do presidente e de dois diretores da companhia

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:
Usiminas Foto: Divulgação

O conselho fiscal da Usiminas questionou a parcialidade do voto do presidente do conselho de administração da siderúrgica, Paulo Penido, que culminou na destituição do presidente, Julián Eguren, e de dois diretores. Segundo ata de reunião realizada na terça-feira, o conselho fiscal pedia que o voto de Penido passasse por uma avaliação do conselho de administração, assim como pela Assembleia Geral de acionistas. 

As demissões ocorreram em meio à disputa dos sócios Nippon Steel e Ternium (subsidiária do grupo ítalo- argentino Techint) pelo controle da gestão da maior produtora de aços planos do país. 

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Os executivos, indicados pela Ternium, foram demitidos em 25 de setembro, após uma votação do conselho de administração da companhia desempatada por Penido, indicado pelo grupo Nippon. 

A Nippon afirma que a demissão dos executivos ocorreu por problemas de falta de governança encontrados após auditorias feitas na empresa. Segundo elas, os executivos receberam valores da companhia indevidamente. A Ternium tem rejeitado as acusações e afirma que a Nippon quebrou o acordo de acionistas da siderúrgica.

Ata. De acordo com o conselho fiscal da Usiminas, o voto de Penido ocorreu “mesmo sem a materialidade de supostos problemas de compliance, envolvendo a conduta dos administradores”. O órgão afirma ainda que não teve conhecimento prévio das auditorias internas, que teriam apontado irregularidades em bônus recebidos pelos diretores. 

Segundo o documento do conselho fiscal, as afirmações de irregularidades que constam no relatório da auditoria interna foram precipitadas e as duas auditorias externas que foram realizadas, pela Deloitte e Ernst Young, não permitem “construir convicção quanto à legitimidade do voto do desempate do presidente do conselho ou se mesmo foi exercido no interesse social e econômico da companhia”.

“Ora, é evidente que a decisão de destituir 40% de uma diretoria executiva de qualquer empresa, com desempenho acima do satisfatório, requer argumentos sólidos que justifiquem tal decisão para os acionistas, minoritários ou não”, diz a ata.

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Balanço. A Usiminas anunciou na quarta-feira, 29, que encerrou o terceiro trimestre com prejuízo líquido de R$ 24,4 milhões, interrompendo um ano de resultados positivos. No mesmo período de 2013, a siderúrgica teve lucro líquido de R$ 114,6 milhões.

 

A receita líquida de vendas totalizou R$ 2,9 bilhões, recuo de 9% ante o registrado há um ano. O baixo desempenho foi provocado pela desvalorização cambial e por um resultado operacional abaixo do esperado, de acordo com a companhia. 

Os fracos resultados no período tiveram impacto nas ações da companhia, que lideraram as perdas do índice Bovespa. As ações preferenciais caíram 8,07%, cotadas a R$ 5,47, enquanto as ordinárias tiveram perdas de 5,82%, a R$ 6,15.

Segundo analistas de mercado, pesou também sobre os papéis da Usiminas um rebaixamento para “underperform” (desempenho abaixo do mercado) promovido pelo Itaú BBA.

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