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Decisão nos EUA se aproxima e ainda não há clareza sobre os efeitos no Brasil

Presidente do Banco Central diz que Brasil está preparado para agravamento, mas na Fazenda há opinião de que o país pode sofrer impacto dos desobramentos para a dívida norte-americana

Por Renata Veríssimo , Marcelo Portela , de O Estado de S. Paulo e da Agência Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta segunda-feira, 1, que o Brasil está preparado para um agravamento da situação da economia de países como os Estados Unidos e integrantes da zona do euro. Tombini citou apenas de forma passageira a questão do limite de endividamento dos EUA, que será votado pelo Congresso norte-americano, e ressaltou apenas o cenário "cada vez mais complexo" da maior economia mundial, com "crescimento sistematicamente revisado para baixo". Tombini também citou a crise que atinge países europeus e avaliou que a situação pode ser agravar. Mas salientou que "por mais que a situação global ainda se prolongue, não é permanente". "A economia do Brasil está preparada para um agudização do cenário internacional", afirmou, em palestra a empresários na sede da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

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E citou como principais fatores para esse preparo a reversão das medidas tomadas para amenizar os efeitos da crise financeira de 2008, a robustez do mercado interno e o sistema de câmbio flutuante capaz de "absorver choques externos". Segundo Tombini, as medidas adotadas para redução da queda do dólar e as reservas brasileiras em moeda estrangeira dão ao País "capacidade de prover liquidez em momento de maior stress da economia global". 

Fazenda

Já o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, avalia que há duas possibilidades de contágio da economia brasileira. A primeira, se houver redução das notas da dívida que, segundo ele, "ninguém sabe exatamente que tipo de consequência pode haver". A segunda, o impacto direto na economia.

A clareza sobre eventuais efeitos no mercado doméstico, no entanto, dependerá de como o acordo evoluir. "Há uma tendência mais contracionista. É um acordo que corta gastos, mas deixa uma segunda etapa ser resolvida até o final do ano", ponderou.

Segundo ele, o acordo fechado em torno do endividamento dos Estados Unidos ainda deixa muita margem de dúvida. Segundo ele, o acordo afasta a incerteza de curto prazo, mas não resolve definitivamente o problema de longo prazo de sustentabilidade da dívida dos Estados Unidos. Por isso, afirmou Cozendey, o debate político continuará nos próximos meses, embora menos intenso.

Para o secretário, ainda é uma situação muito difícil a longo prazo porque o ajuste fiscal é necessário na economia norte-americana, mas não pode ser forte demais a ponto de "matar a economia". "Neste momento, a gente não sabe o que vem até o final do ano, quando o Comitê terá que definir os cortes". 

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