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O Futuro dos Negócios

Opinião|Distribuir para conquistar

Com sua arquitetura segura, distribuída e descentralizada, a tecnologia de blockchain promete uma revolução em inúmeras áreas

Atualização:

Uma das características mais importantes dos sistemas de pagamento vigentes até hoje está ligada à centralização da informação. Durante a transferência de recursos financeiros de um comprador para um vendedor é necessário que seja feita a verificação da disponibilidade dos fundos para que a transação em questão possa ser efetivada. Tradicionalmente, isto ocorre através da consulta a uma base de dados centralizada e única, tipicamente sob responsabilidade de um banco ou do emissor do cartão de crédito utilizado ou ainda da entidade que responde pela infraestrutura do meio de pagamento escolhido.

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O conceito mais importante introduzido pelas "correntes de blocos" - ou blockchain - é exatamente a mudança na forma como as informações são armazenadas. O conceito se aplica a qualquer tipo de informação, mas por enquanto a aplicação mais conhecida desta tecnologia está associada às criptomoedas, assunto que discutimos na semana passada. Ao invés de utilizar uma base de dados centralizada, o uso de blockchains distribui cópias exatas de todas as informações para todos os participantes. A informação não está apenas descentralizada, mas também igualmente distribuída por todos os computadores que fazem parte do sistema. Quando uma nova transação ocorre, ela é validada e inserida em todas as cópias existentes.

O nome "blockchain" foi criado em função da maneira como as informações são armazenadas. Cada bloco de dados ("block") faz parte de uma corrente ("chain") estabelecida cronologicamente e protegida por técnicas criptográficas e funções matemáticas sofisticadas - em outras palavras, para que um novo registro seja colocado no blockchain ele precisa ser validado por todos os computadores que fazem parte da rede, tornando fraudes ou alterações nos dados já armazenados algo praticamente impossível de ser feito. Isso significa que além de distribuir as informações, eliminando o risco de um ataque a um ponto central derrubar toda rede, a tecnologia de blockchain também elimina a necessidade da figura de um intermediário que sirva como "parte confiável" da transação: a própria comunidade é responsável por manter o sistema íntegro e robusto.

Moedas digitais - como o bitcoin - fazem uso da estrutura de blockchain para permitir algo até hoje impossível: a transferência de recursos de uma parte para outra sem qualquer tipo de intermediação. O Boston Consulting Group estima que em 2014 bancos transacionaram mais de US$ 400 trilhões em transferências, coletando cerca de US$ 1 trilhão em taxas para realização deste serviço. Com o aumento do uso de novas modalidades de pagamento via telefone celular ou cartão (ambos ainda exigindo algum tipo de intermediação), este volume deve continuar crescendo. Modelos como PayPal, Apple Pay, Samsung Pay, Google Wallet, Stripe e Square aumentaram o número de opções para transferir dinheiro, mas não modificaram de forma relevante a estrutura básica do processamento da transferência. Mesmo quando sensores forem utilizados para informar a determinada loja que você comprou certo artigo, a forma como o dinheiro irá sair da sua conta para chegar na conta da loja ainda é a mesma de sempre. 

Mas quando criptomoedas são utilizadas, o processo é teoricamente mais seguro e barato. Transferir recursos passa a ser tão simples quanto enviar um e-mail. Semana que vem iremos prosseguir com este tema, mostrando como uma transação financeira de criptomoedas ocorre e suas vantagens em termos de simplicidade, custo e segurança. Até lá.

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*Fundador da GRIDS Capital, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Opinião por Guy Perelmuter
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