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Dono da Azul assina compra da TAP e promete novas rotas no Brasil e nos EUA

Consórcio de David Neeleman adquiriu 61% do capital da aérea portuguesa; novos destinos podem chegar a 20

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

LISBOA - O governo português assinou nesta quarta-feira, 24, o contrato de venda de 61% do capital da companhia aérea portuguesa TAP para o consórcio Atlantic Gateway. O contrato foi assinado pelo empresário David Neeleman, dono da Azul, e o sócio português Humberto Pedrosa, do grupo de transportes Barraqueiro. Durante a cerimônia, Neeleman prometeu expandir as operações com os Estados Unidos, onde prevê dez novas rotas, e também para o Brasil, onde poderia voar para até dez novas cidades. Neeleman também divulgou o novo plano de negócios da companhia.

"Vamos expandir muito para os Estados Unidos. Nós achamos que temos muitas oportunidades lá e também no Brasil. Podemos ter mais de dez destinos nos EUA e mais oito ou dez no Brasil. Tem mais 20 destinos. Essa vai ser a nossa história de crescimento", disse durante a cerimônia de assinatura do contrato de compra da estatal na sede do Ministério de Finanças no centro de Lisboa.

David Neeleman assina documento ao lado da ministra das Finanças de Portugal,Maria Luis Albuquerque, e do ministro da Economia de Portugal,Pires Lima Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP

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A expansão das rotas da TAP vai, segundo Neeleman, "fortalecer o hub (centro de distribuição de voos) em Portugal". "Nosso consórcio se chama 'Gateway' que quer dizer porta de entrada. Queremos ser a entrada da Europa", disse ao comentar que o contrato exige a permanência do hub português por 30 anos. "O acordo prevê o compromisso de 30 anos, mas falei: puxa, podemos dar 100 anos. Porque esse é o melhor lugar, o melhor povo e melhor produto", disse.

Durante o discurso, Neeleman fez uma série de elogios aos 12 mil empregados da TAP que deixam de ser funcionários de uma empresa pública e passarão a responder a Neeleman e Pedrosa. Os empregados têm liderado o principal movimento contrário à privatização. "São 12 mil trabalhadores. Vidas dependem dessa empresa. Esse país precisa dessa empresa. Eu só queria dizer para vocês: podem confiar na gente", disse, ao prometer "tratar melhor as pessoas e trazer as melhores aeronaves". "Pode ser amelhor (aérea) da Europa", resumiu.

Ao iniciar o discurso em português, Neeleman pediu desculpas à plateia pelo carregado sotaque norte-americano. O empresário se declarou "brasicano" por ter nascido no Brasil e criado nos EUA. "Então, tem essa mistura de português e inglês", disse, o que causou risos da plateia.

Missão cumprida. Presidente da TAP há 15 anos, o brasileiro Fernando Pinto disse que a assinatura do contrato de venda da empresa gera "sensação de missão cumprida". Apesar disso, o executivo, que já dirigiu a brasileira Varig, não descarta continuar à frente da empresa se os novos acionistas o convidarem.

"Eu vim para a TAP no ano 2000 já com a empresa no caminho da privatização. Na época, com a Swiss Air. Para mim, pessoalmente, é missão cumprida", disse Fernando Pinto após a cerimônia de assinatura do contrato de venda da empresa para o consórcio formado por Neeleman e Pedrosa.

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Pinto foi questionado pelos jornalistas sobre o rumor de que poderia permanecer no cargo mesmo após a troca do controle acionário. "Eu sempre falei que a minha missão acabaria quando fizesse a passagem de testemunho. Obviamente, tem todo um processo de transmissão de tudo o que fizemos. A partir daí, vai depender. Eu quero sair da TAP quando perceber que a empresa está no caminho do crescimento", disse. "A partir daí, depende de me convidarem e em que condições", completou.

O atual presidente da TAP disse que "a grande vantagem agora é ter acesso a capital". "Nós nunca tivemos acesso a capital como teremos agora. Mesmo assim, conseguimos crescer. Agora, isso nos traz muita facilidade", disse.

Fernando Pinto disse ainda que não é apenas o dinheiro que fará diferença na companhia. "Teremos novas ideias, sangue novo e uma visão estratégica muito importante." 

Gol. Rival da Azul no Brasil, a Gol pode continuar como parceira da portuguesa TAP, caso a empresa de David Neeleman no Brasil não consiga atender as necessidades da aérea europeia. Neeleman reconheceu o papel da Gol em alimentar voos da portuguesa que saem do Brasil rumo à Europa, mas ressaltou que os novos sócios darão preferência à Azul, companhia fundada por ele.

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"A Gol dá alimentação para a TAP. E, se eles puderem fazer alguma alimentação que a Azul não possa, vamos continuar. Mas claro que daremos preferência para a Azul", afirmou. Desde novembro de 2014, a Gol tem voos compartilhados com a TAP e ainda fez acordo entre os programas de milhagem das duas empresas, o brasileiro Smiles e o português Victoria.

Neeleman ressaltou que, apesar de dar preferência para a Azul, o relacionamento comercial entre as duas empresas "será dentro do padrão da indústria". "Se pagar para a Azul, vai ser balanceado. Não posso dar vantagem para um ou para outro. Temos acionistas diferentes. Tem de ser o que é melhor para a TAP e para a Azul", disse.

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