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Em protesto, Força Sindical diz que BC tem ‘tubarões tecnocratas’

Trabalhadores organizaram churrasco de sardinhas em frente à sede da instituição, que decide nesta quarta rumo da Selic; segundo a entidade, 'sardinha é comida de pobre e de tubarão'

Por Fernando Nakagawa e da Agência Estado
Atualização:

Para os tubarões do Banco Central, muitas sardinhas. Foi assim que a Força Sindical protestou na tarde desta terça-feira, 30, contra os juros praticados no Brasil. Com 100 quilos do peixe que já abundou na ilha italiana da Sardenha, os sindicalistas organizaram um churrasco em frente à sede da instituição que decide amanhã o rumo do juro básico da economia, a Selic, que é referência para empréstimos e financiamentos no Brasil. "A sardinha é uma comida de pobre e também comida de tubarão. Como esses tubarões tecnocratas do Banco Central que se reúnem aqui e decidem o rumo do Brasil", protestou o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). "Além disso, a sardinha assada também tem um cheiro ruim que vamos tentar levar para lá", dizia Paulinho apontando para as janelas do alto do edifício do BC. Lá, no 20º e 21º andares do prédio escuro, trabalham os diretores e o presidente da instituição, o economista gaúcho Alexandre Tombini. As janelas, porém, estavam fechadas, exatamente como manda o ar condicionado do prédio. Com um olho na churrasqueira e outro nas câmeras, os sindicalistas defenderam que o Brasil precisa de juros mais baixos. "É um absurdo o Brasil ter os juros mais altos do mundo. Precisamos de juro mais baixo para aumentar a produção, ter mais desenvolvimento e mais emprego", disse Paulinho. O PDT do deputado paulista, vale lembrar, faz parte da base de apoio ao governo de Dilma Rousseff. O sindicalista reconhece que vai ser difícil, mas diz que queria que o Banco Central surpreendesse a todos com um corte do juro de 1 ponto porcentual, o que levaria a taxa Selic para 11,50%. Longe da fumaça das sardinhas, porém, no mercado financeiro, prevalece a aposta de que o juro será mantido no atual patamar de 12,50%, interrompendo ciclo de aumento dos juros que teve início em janeiro para esfriar um pouco o ritmo da economia brasileira. A temperatura, inclusive, deve ter sido um dos motivos para a baixa presença no churrasco. Debaixo de sol forte com 31º graus e 18% de umidade relativa do ar, menos de 50 pessoas protestavam contra os juros. Bom para os manifestantes que, diante dos 100 quilos de peixe, tiveram o direito a degustar pelo menos dois quilos de sardinha assada cada. Claro, sem contar a farofa.

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