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Enquanto o racismo bomba no Twitter, no Facebook só se fala no desafio do balde de gelo

Estudo explica as diferenças entre a forma de propagação das notícias nas duas redes sociais: enquanto o Twitter propaga notícias urgentes, o Facebook filtra as postagens que os internautas podem ler conforme o seu histórico de navegação

Por Laura Mandaro e Jessica Guynn
Atualização:
A foto de Michael Brown, vítima de racismo em Ferguson nas mãos de seu pai durante o funeral, e Alexei Didenko, deputado russo que fez o desafio do balde de gelo em frente à embaixada dos EUA em Moscou (Fotos:Reuters) Foto: Reuters

SAN FRANCISCO - Os protestos em Ferguson, Missouri, dominaram o Twitter durante dias no mês passado. Mas, no Facebook, a história foi diferente.

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Os usuários do Facebook se envolveram com o fenômeno viral da campanha de arrecadação do balde de gelo mais de duas vezes mais do que com os protestos em Ferguson em meados de agosto, de acordo com dados obtidos pelo USA Today.

Uma amostragem aleatória da linha do tempo pública de 100 mil usuários americanos do Facebook mostrou que 3.250 deles falaram sobre Ferguson em seus posts e atividades entre 9 e 20 de agosto, de acordo com análise da Portage, empresa de educação e analítica social com sede em Minneapolis. Isso foi equivalente a cerca de 3,5% dos usuários do Facebook pequisados.

Em comparação, 7.703 deles estavam falando a respeito do desafio do balde de gelo, o equivalente a 7,7% da amostragem, no mesmo período.

O envolvimento dos usuários com o termo "desafio do balde de gelo" foi 2,4 vezes maior do que com o termo "Ferguson", disse o diretor executivo da Portage, Alex Houg, que fez a análise a pedido do USA Today.

Foi considerado envolvido o usuário que comentou a respeito do tema, compartilhou um link a respeito dele ou curtiu um post com a palavra-chave em questão. A estimativa parece confirmar algo que já era conhecido de maneira casual - a probabilidade de um usuário do Facebook ler a respeito de Ferguson era duas vezes menor do que a de um usuário do Twitter. O Facebook costuma divulgar dados a respeito do quando os usuários debatem determinados eventos, como a Copa do Mundo, o casamento da família real britânica ou as olimpíadas. Mas o Facebook não revelou dados ligados a Ferguson.

O Twitter, principal rede social para as notícias urgentes, está ampliando seu arsenal de ferramentas, tornando mais fácil para que o público veja com que frequência um assunto é debatido.

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O Reverb, nova ferramenta voltada para os jornalistas, mostra que Ferguson ou #Ferguson foram mencionados 14,7 milhões de vezes entre 9 e 20 de agosto. Os manifestantes tuitaram fotosdas marchas, vídeos de interações com a polícia no Vine e, conforme os protestos se transformaram em saques e gás lacrimogêneo, surgiram fotos de fumaça, detenções e máscaras de gás. Algumas imagens foram retuitadas dezenas de milhares de vezes.

Filtro do Facebook

No Facebook, o debate em torno de Ferguson, Missouri pareceu mais silencioso nos dias após a morte de Michael Brown, atingido pelos disparos de um policial, fato que deu início aos protestos. Em fez disso, os feeds de notícias do Facebook pareciam repletos de amigos nomeando uns aos outros para fazer uma doação à pesquisa da esclerose amiotrópica lateral (ALS, em inglês), também conhecida como doença de Lou Gehrig, e a despejar um balde de água gelada sobre si mesmos.

A explicação para essa grande disparidade está na forma com que as duas redes divulgam notícias. Um usuário do Twitter vê aquilo que seus seguidores estão comentando. Embora seja possível definir tópicos por localização, também é muito fácil saber quais tópicos são os mais comentados pelos usuários do Twitter em todo o mundo - desde o conjunto One Direction até o campeonato europeu de futebol, passando por Ferguson.

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O Facebook é diferente. A rede social usa um algoritmo de classificação que filtra aquilo que é exibido nos feeds de notícias. Assim, aquilo que o usuário vê ao abrir a list de posts e links compartilhados é filtrado com base na atividade anterior da pessoa, incluindo os posts curtidos, comentados ou compartilhados.

A ideia é tornar o feed de notícias do Facebook mais relevante para o usuário, mas, com frequência, o Facebook responde mais lentamente às notícias urgentes que vão além dos interesses anteriores de uma pessoa e seus amigos. Em outras palavras, mesmo quando a situação em Ferguson era comentada no Facebook, muitos continuavam ser ver menção ao assunto./Tradução de Augusto Calil

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