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Esser tenta se habituar à vida pública

Incorporadora fundada por irmão do dono da Cyrela investe pela 1ª vez na marca

Por Naiana Oscar
Atualização:

O prédio comercial nada pomposo, na Rua Augusta, em São Paulo - com uma galeria de lojas desconhecidas no térreo e consultórios distribuídos por seus 21 andares -, passa bem longe dos edifícios imponentes que sediam as grandes incorporadoras imobiliárias do País. Ali, quase escondida, está uma companhia que, só agora, começa a se acostumar com a vida pública. 

Diretor Fábio Sousa, na Esser há um ano e meio, foi escolhido como porta-voz, já que os donos não aparecem Foto: Divulgação

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Há 40 anos no mercado de construção e incorporação de imóveis, os donos da Esser sempre relutaram em fazer campanhas publicitárias que não fossem para divulgar apenas seus empreendimentos. De preferência, sem muito alarde em relação à marca-mãe. Mas a crise econômica que pegou em cheio o mercado imobiliário não poupou a Esser. O crédito mais escasso para o consumidor e o aumento do estoque de apartamentos encalhados na carteira das empresas obrigou a incorporadora a mudar sua postura em relação aos investimentos publicitários, para garantir as vendas. 

Em agosto do ano passado, a empresa investiu R$ 15 milhões em um evento do tipo “saldão” que deu início à campanha “A Hora é Esser”, com o apresentador Milton Neves como garoto-propaganda. E da noite para o dia a marca começou a aparecer em filmes publicitários, na TV Globo e na Record, estampou 200 relógios de rua na cidade de São Paulo e intensificou anúncios em jornais, revistas e na internet. Já no dia do evento, diz o diretor comercial Fabio Sousa, foi possível sentir o impacto da exposição. “Vendemos 250 unidades com 40% de desconto”, afirma. “E de lá para cá atingimos nosso objetivo principal, que era tornar a marca conhecida do consumidor.”

O responsável pela ação foi o publicitário Adilson Batista, presidente da agência especializada Today, que trabalha com a incorporadora há cinco anos. “O que eu vi acontecer nesse período foi uma mudança radical”, diz. Quando chegou, lembra, o site da Esser ainda era um grande catálogo, sem interação com os clientes, e fazer campanhas para fortalecer a marca era uma ideia distante. 

A queda na velocidade de vendas de imóveis nos últimos anos gerou dois movimentos no setor. Como, tradicionalmente, as empresas investem na divulgação dos lançamentos - e eles estão mais restritos -, a verba publicitária caiu 8% em relação ao ano passado, segundo o Ibope Media. “Ao mesmo tempo, as empresas perceberam que tinham de fazer campanhas institucionais, já que o volume de lançamentos que fazia a marca estar presente na mídia já não existe mais”, diz Bob Eugênio, sócio fundador da agência Eugenio, também especializada em mercado imobiliário. 

Família Horn. Entre seus pares, a Esser nunca foi uma estranha. Em São Paulo, onde foi fundada, os empreendedores do setor conhecem bem a história de Joe Horn, o irmão mais velho de Elie, que fundou uma das maiores incorporadoras imobiliárias do País. Os dois e a família, de origem judaica, chegaram à capital paulista na década de 50, vindos da cidade de Alepo, na Síria. Foi acompanhando Joe na compra de terrenos que Elie Horn fez sua estreia no setor. Mais tarde, juntos, fundaram a Cyrel, mas decidiram seguir sozinhos a partir de 1978, por terem visões de negócios bem diferentes. 

Elie Horn sempre foi mais agressivo: abriu o capital da Cyrela em 2005, expandiu para as Regiões Sul e Nordeste, chegou a lançar R$ 7,6 bilhões em valor de vendas no ano de 2010, e no ano seguinte teve de frear a operação para organizar a casa. 

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Joe é bem mais comedido. Não gosta de construir muito longe da capital. Os empreendimentos mais distantes foram lançados em Jundiaí e em Barueri. No ano passado, seus cinco lançamentos atingiram os R$ 598 milhões - a Cyrela lançou R$ 3,9 bilhões em 2014, depois do processo de reestruturação. Parece pouco se comparado com a coirmã, mas é equivalente ao nível de lançamento de empresas como Rossi e Tecnisa. 

Pessoalmente, Joe e Elie têm muito em comum. Tanto que um ex-funcionário da Cyrela, contratado pela Esser, disse que ao entrar na incorporadora pela primeira vez, há dois anos, se sentiu nas dependências da empresa de Elie Horn, 15 anos atrás. Como os donos seguem à risca os ritos judaicos, as incorporadoras encerram suas atividades sempre ao pôr do sol de sexta-feira e só retomam no sábado à tarde. 

Semelhanças. Os irmãos se dão bem e até já desenvolveram um empreendimento juntos. Hoje, já não participam mais tão ativamente do dia a dia da empresa. Elie delegou a função aos filhos Efraim e Raphael. Joe passou o bastão para os herdeiros Alan e Raphael.  Além de terem escolhido os mesmos nomes para os filhos, os irmãos compartilham uma outra característica: são avessos a aparições públicas. Em nome dos negócios, no entanto, parecem estar dispostos a mudar. 

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