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‘Estamos vivendo um longo período de choque’

Segundo o professor, lado ‘corporativista’ da sociedade brasileira atrapalha a construção da agenda de reformas

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Por Fernando Scheller
Atualização:
Para Lazzarini, Brasil tem 'cultura corporativista' Foto: Rafael Arbex|Estadão

O economista Sérgio Lazzarini, professor da escola de negócios Insper, afirma que o Brasil está vivendo um longo período de choque econômico e político que se reflete em sua competitividade em relação a outros países. Para ele, os interesses de determinados grupos atrapalham as reformas necessárias para que a nação se torne mais eficiente.

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Qual é a lição que o ranking de competitividade nos ensina?

Estamos num longo período de choque que vem desde o mandato Dilma Rousseff. Mas há um lado positivo: o ambiente institucional do Brasil está forte. Temos instituições de controle que estão detectando corrupção e punindo responsáveis. Que outro país emergente tem as mesmas instituições de controle que nós temos? Rússia, África do Sul, China, Índia e México – não acho que encontraremos em nenhum deles. Tudo está saindo debaixo do tapete, e isso é muito bom.

E qual é o lado negativo?

Temos um lado corporativista muito forte. Queremos fazer reformas e não conseguimos. Para nós, construir um Estado eficiente, com controle de gastos, é complicado. Isso pesa negativamente na opinião dos empresários. Acho que têm países emergentes que vão melhor neste quesito, como México, que tem um Estado menor.

E o fato de nossa sociedade estar baseada na desigualdade, dificulta as reformas?

É um ponto crítico, um grande problema. Até os juízes, que estão à frente do combate à corrupção, querem manter privilégios e salários exacerbados.

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E o risco político, tanto com a crise no governo Temer quanto com a eleição de 2018?

Há um incêndio de curto prazo para apagar. Acho que a gente vai ter uma transição de governo (com a saída de Temer), para apagarmos esse fogo no curto prazo. Não creio que faremos reformas fundamentais agora. Para a eleição de 2018, precisamos evitar o retorno de políticos envolvidos na Lava Jato e também populistas, que renegam o problema dos gastos estatais e da Previdência.

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