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Feijão ‘milagroso’ faz a fama de Lamim

Município mineiro doa os grãos que vêm naturalmente com a imagem de uma pomba - o Divino Espírito Santo

Por Fernanda Yoneya
Atualização:

O feijão que se vê na foto fez a fama da cidade mineira de Lamim, com pouco mais de 3 mil habitantes, localizado a cerca de 150 quilômetros de Belo Horizonte. Afinal, em Lamim surgiram, por volta de 1800, os primeiros grãos "pintados" com a imagem de uma pomba - símbolo do Divino Espírito Santo, padroeiro da cidade. De lá para cá, o "feijão milagroso", como é conhecido na região, foi passando de geração em geração e, hoje, serve de souvenir na tradicional Festa do Divino Espírito Santo de Lamim.

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"Em 1801, como de costume, houve um sorteio para escolher quem faria a festa do padroeiro de Lamim. Só que o sorteado, um humilde agricultor, não tinha dinheiro para pagar as despesas. Alvo de críticas, prometeu que se sua plantação de feijão vingasse, pagaria a festa com o dinheiro da colheita. A colheita foi farta e alguns grãos estampavam a imagem do divino", conta o agricultor José Geraldo Reis e Silva. "Assim nasceu a lenda do feijão do Divino Espírito Santo." José Geraldo diz que soube da lenda ainda na escola. Os avós lhe contaram a história e algumas sementes foram guardadas pelos pais do agricultor. A partir daí, resolveu pesquisar a história dos "grãos mágicos" até que encontrou na paróquia o livro [ITALIC]História de Lamim[/ITALIC], de 1899, de autoria do professor João Francisco Medeiros Duarte. "Foi aí que descobri a história desse agricultor que plantou o feijão do divino. Segundo o autor, a lenda do feijão é um dos fatos mais importantes da história de Lamim."

Carta à TV

A partir daí, José Geraldo passou buscar mais informações sobre o "feijão com a pomba". "Não achei nada parecido em lugar nenhum. Até que resolvi mandar uma carta para um programa de TV", diz José Geraldo, que também é professor. Aos 60 anos, aposentado, cuida de um sítio de 50 hectares, onde há cultivos de milho, feijão e cana-de-açúcar.

Foi depois de enviar a carta ao programa de TV que o feijão milagroso chamou a atenção da pesquisa. "Recebemos a visita de um pesquisador da própria Embrapa. Ele veio até Lamim para conhecer o feijão", lembra o agricultor, que até hoje planta, em uma pequena horta nos fundos de casa, o feijão do divino. "Não consigo colher grande quantidade do feijão milagroso, não mais do que 5 quilos, mas a maioria dos grãos que se desenvolvem vem com a imagem da pomba. Planto há mais de dez anos." Embora o feijão do divino sirva para consumo, os grãos "abençoados" são guardados para a festa do padroeiro, 50 dias depois da Páscoa. "Muitos devotos pedem alguns grãos para levar. Não vendemos, doamos."

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