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Figureiras aumentam produção de presépios em Taubaté

Item usado no Natal movimenta a economia da cidade, que tem uma tradição de mais de 150 anos no ofício

Por João Carlos de Faria
Atualização:

Uma arte centenária movimenta um pedaço da economia de Taubaté neste período de Natal. São os presépios e outras cenas e personagens do mundo rural, retratando a singularidade do homem rural e da sua cultura caipira, reproduzidos em peças de barro, queimados em alta temperatura e depois pintados com cores peculiares.

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Somente no segundo semestre desse ano, cerca de 500 presépios já foram comercializados e outros mil já estão encomendados e em fase de produção. "Essa é uma estimativa, mas a gente não tem idéia. É muita coisa", afirma Josi Sampaio, 52 anos, neta de figureiros, há 40 anos no ofício, do qual tira o seu sustento. Junto com ela já trabalham as duas filhas: Larissa e Rafaela, quarta geração de figureiras, e o neto Matheus Sampaio, de seis meses, que já observa todo o movimento.

É assim que vem acontecendo há mais de 150 anos, quando frades franciscanos trouxeram figuras de arte sacra da Itália, para montarem um presépio no Convento Santa Clara, localizado na cidade. Os presépios são de todos os tamanhos e preços, com variação entre R$ 30 e R$ 150. Excepcionalmente alcançam preços maiores, mas isso coisa rara.

A freguesia dos figureiros - incluindo-se toda a linha de produtos como chuvas de anjo, santos ou cenas do folclore, da cultura ou do cotidiano rural - também é variada, podendo ser de empresas - que costumam ofertar os trabalhos como brindes a seus clientes mais refinados - ou a própria prefeitura da cidade, que costuma presentear visitantes ilustres com o pavão, a figura mais vendida, reconhecida como o símbolo da arte popular paulista, também levado nas viagens oficiais ou missões empresariais para o exterior.

Uma das celebridades, que em visita ao Brasil, em 1997, recebeu um pavão de presente, foi a então primeira dama americana Hillary Clinton. O mimo teria sido buscado às pressas em Taubaté, por encomenda do governador da época, o tucano Mário Covas, a fim de integrar o kit de presente que seria entregue à ela.

Empresas

"Tem muita empresa que faz encomenda todos os anos ou às vezes o ano inteiro", afirma uma das artesãs, enquanto prepara a entrega de um lote de 25 pavões para serem entregues na Delegacia Fiscal de Taubaté, que pretende presentear funcionários numa convenção a ser realizada proximamente. O livro recheado de assinaturas de visitantes de todos os lugares do país e de muitos estrangeiros, no entanto, dá a dimensão do movimento da Casa do Figureiro, onde está parte da produção e uma loja para a venda das peças. São cerca de duas mil pessoas por ano e a maioria não deixa de levar uma "lembrancinha".É o caso da cozinheira Aracy Maria de Jesus, com viagem marcada para o norte de Minas. "Vou visitar uns amigos e toda vez que vou para lá, levo alguma peça produzida por nossas figureiras", afirma.A Casa do Figureiro é o espaço permanente de vendas, além de concentrar o trabalho desses artistas populares e foi batizada com o nome da religiosa Maria da Conceição Frutuoso Barbosa, falecida em 1950. No local trabalham 39 artistas, dos quais pelo menos dez sobrevivem graças à sua arte.

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