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Fundo de Lemann investe em empresa de aplicativos

Movile, companhia com sede em Campinas, recebeu aporte de US$ 55 milhões da Innova, do fundador da Ambev, e da Finep

Por Marina Gazzoni
Atualização:
Potencial. Para Bloisi, celular terá o triplo do acesso à internet que a rede fixa em cinco anos Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A desenvolvedora brasileira de aplicativos Movile anunciou, ontem, que recebeu investimento de US$ 35 milhões do fundo Innova Capital, que tem entre os sócios o empresário Jorge Paulo Lemann, um dos donos da AmBev. A empresa também captou mais US$ 20 milhões em empréstimos de longo prazo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Os recursos serão usados para desenvolver e comprar negócios relacionados a delivery de serviços pelo celular.

A fatia que a Innova terá na empresa não foi divulgada. Com o aporte, o fundo se une à sul-africana Naspers - dona de participações no Buscapé e no Grupo Abril - na lista de acionistas da Movile.

Fundada no ano 2000 pelo ex-aluno da Unicamp Fabrício Bloisi, a empresa nasceu como distribuidora de conteúdo para celulares, focada especialmente no disparo de mensagens via sms. A companhia até hoje é forte na área e distribui conteúdo para o celular em nome de 250 empresas, como bancos, revistas e operadoras de telefonia.

Há um ano, a companhia decidiu diversificar seus negócios e apostar em soluções de delivery de serviços pelo celular. "Existem vários segmentos com entrega física em que os pedidos podem ser feitos pelo celular. Mapeamos mais de dez setores em que o mobile pode ser o principal canal de contratação de serviços no Brasil", explica Bloisi.

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A empresa já testou esse mercado com o aplicativo iFood, que localiza restaurantes abertos próximos aos clientes e permite que ele faça seus pedidos pelo celular. A Movile comprou no ano passado uma fatia no iFood, que nasceu focado no e-commerce, e investiu em melhorias tecnológicas para a versão mobile. De um ano para cá, a participação dos pedidos feitos pelo celular saltou de 7% para 60% - o iFood recebeu 3,5 milhões de pedidos em 2014.

Bloisi diz que a empresa deve lançar mais cinco aplicativos focados em delivery de serviços ainda em 2014. Um deles deve permitir que o usuário localize serviços domésticos, como chaveiro e eletricista, nas proximidades de onde ele está. Há também oportunidades em áreas como entrega de medicamentos, supermercado, reserva de hotel e ingressos para o cinema.

"O mercado móvel deve ser muito maior do que a internet fixa. Em cinco anos, devemos ter 6 bilhões de pessoas em todo o mundo com smartphones, três vezes mais do que o acesso fixo", diz o empresário.

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No Brasil, 128 milhões de pessoas têm acesso a banda larga móvel, um número maior do que os cerca de 80 milhões que usam a internet fixa em casa ou no trabalho, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) e do IBGE.

A visão de Bloisi é que a popularização dos smartphones deve levar o consumidor de baixa renda, que ainda não compra pela internet, para o e-commerce.

Integração.

A Movile não é a única a vislumbrar oportunidades de integração entre o celular e o varejo físico. A Paypal, por exemplo, já tem aplicativos para o usuário pagar suas compras nas lojas físicas por meio do celular.

Para o consultor de políticas e iniciativas do Mobile Entertainment Forum (MEF), Rafael Pellon, a vantagem das soluções no celular em relação a internet fixa é a possibilidade de filtrar automaticamente a oferta online por geolocalização. "A agilidade para encontrar um serviço é maior e o alcance no celular também."

O entrave para que as pessoas adotem novos usos pelo celular, como fazer reservas em um restaurantes, é a baixa durabilidade das baterias dos smartphones, diz Pellon. "Já tentei fazer tudo pelo celular em um dia- pagar contas, chamar táxi e pedir comida. Fiquei sem bateria às duas da tarde."

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