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Gol encerra troca de títulos e deve reduzir dívida em US$ 101,2 milhões

Sem revelar quantos credores participaram, a companhia afirma que, até o vencimento, as ofertas válidas alcançaram US$ 174,745 milhões

Foto do author Cynthia Decloedt
Foto do author Luana Pavani
Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Luana Pavani
Atualização:

A adesão de detentores de títulos da companhia aérea Gol ao programa de renegociação que foi iniciada em 3 de maio – e que sofreu várias prorrogações de prazo, até encerrar-se em 1.º de julho – ficou em 22,4% do valor pretendido. A empresa, que estava disposta a negociar um total de US$ 780 milhões, nas mãos de 150 credores, anunciou Nesta segunda-feira, 4, a adesão de US$ 174,7 milhões. Para trocar os antigos títulos por novos, os credores tiveram de aceitar desconto de 70% no valor do débito.

Após a divulgação dos dados, as ações da companhia fecharam em baixa na BM&FBovespa. A ação preferencial da companhia terminou o dia com queda de 5,88%, cotada a R$ 3,20. Os papéis do Smiles, empresa controlada pela Gol e que reúne seu programa de milhagem, também tiveram um dia de recuo: perderam 2,4% do valor, fechando a R$ 47,68. O Ibovespa – principal índice da bolsa paulista – teve alta de 0,64%, terminando o dia aos 52.568 pontos.

Resultado da oferta permitirá uma economia com despesa anual de juros de US$ 9,3 milhões, afirma a Gol Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

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 De acordo com o vice-presidente financeiro da Gol, Edmar Lopes, o resultado da renegociação representaria uma redução de cerca de US$ 100 milhões nos débitos da companhia em dólar – resultado relevante pela companhia especialmente quando convertido em reais. 

Nesta segunda-feira, Lopes disse acreditar que a adesão inferior à esperada não deverá afetar a negociação da dívida da companhia com os bancos – que, segundo fontes de mercado, dependeria justamente do sucesso da troca. “Vamos conversar com os bancos sobre renegociação das debêntures e de dinheiro novo nos próximos dias”, disse Lopes, sinalizando que o resultado abaixo do esperado não inviabilizaria as conversas.

Paralelamente à negociação das debêntures, a Gol pleiteia um novo empréstimo de R$ 300 milhões com as instituições financeiras. “O impacto do resultado da troca dos bonds sobre as outras medidas de liquidez será pequeno e administrável”, previu Lopes. O executivo afirmou ainda que a companhia não está buscando aporte adicional por venda de participação. Hoje, estrangeiras como a AirFrance-KLM e a Delta já têm participações na Gol. No caso da americana, a fatia é de 9,48%.

Câmbio. As negociações com os bancos dependiam da adesão à troca porque, com isso, a companhia conseguiria enquadrar às condições estabelecidas em contratos de empréstimos e emissões de títulos, os chamados “covenants”. Segundo o executivo, no entanto, a queda do dólar – que agora está no patamar de R$ 3,20 – ajudou parte do trabalho da companhia. O fortalecimento do real frente à moeda americana, disse ele, ajudou a reduzir o estoque da dívida da aérea em R$ 1,4 bilhão.

Lopes afirmou que a retração do dólar frente à moeda brasileira também ajudou a aumentar a adesão à troca dos bonds. No entanto, o executivo frisou que, apesar do efeito positivo, a grande dificuldade da empresa é a volatilidade do câmbio. “O novo patamar do dólar não está incorporado em nossas projeções e teremos de refazer tudo. Com a volatilidade, nosso fluxo de caixa tem de ser revisitado a todo o tempo”, destacou.

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Segundo ele, o eventual otimismo com câmbio não altera a estratégia de adequação da companhia, que recentemente anunciou um corte de 20% em sua oferta de voos. O executivo admitiu que a situação de caixa da Gol continua difícil, diante da expectativa de redução da demanda de 2016 e 2017. Ao fim do primeiro trimestre, a empresa tinha R$ 1,8 bilhão em caixa, uma queda de 21% sobre o fim do ano passado. “Não tem nada que nos diga para revermos nossa estratégia de corte”, disse.

Recuperação judicial. Questionado se a Gol avalia um pedido de recuperação judicial como um caminho após a renegociação dos bônus, Lopes descartou seguir a alternativa trilhada pela operadora de telecomunicações Oi. “Essa hipótese para nós não existe neste momento. Estamos cada vez mais longe disso.” / COM AGÊNCIA REUTERS

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