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Gol vai cortar 200 voos semanais a partir de agosto

Estratégia faz parte do ajuste da empresa à alta do dólar; rotas dentro do Brasil serão as mais afetadas

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e correspondente da Agência Estado
Atualização:

NOVA YORK - A companhia aérea Gol vai cortar 200 voos semanais a partir de agosto, principalmente rotas dentro do Brasil. A estratégia faz parte do ajuste da empresa à alta do dólar, afirmou seu presidente Paulo Sérgio Kakinoff em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira. O anúncio respingou no valor das ações da empresa, que no fim da tarde figuravam entre as maiores perdas da Bovespa.

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A Gol tem 950 voos diários, incluindo rotas nacionais e internacionais, e um total de 6,650 mil voos por semana. Mas o corte, segundo Kakinoff, não será linear, ou seja, haverá dias da semana que serão menos afetados pelos cortes que outros.

A Gol tem cerca de 55% de seus custos operacionais atrelados ao dólar, principalmente combustíveis (43%), que são precificados na moeda norte-americana, além das despesas com leasing. Por isso, a necessidade de ajustes a um novo cenário. Na média internacional, o combustível de aviação responde por 33% dos custos. Conforme o executivo, só a alta do dólar vai custar R$ 900 milhões às empresas aéreas brasileiras este ano, se a moeda norte-americana ficar na casa dos R$ 2,25 este ano. Na manhã de hoje, a Gol soltou um comunicado informando que cortaria 9% de sua oferta doméstica, número pior que o previsto inicialmente. A expectativa anterior da empresa era de que a oferta de voos seria cortada em 7%. Ao mesmo tempo, a Gol reiterou sua meta de margem operacional entre 1% e 3%. "O ambiente externo evoluiu negativamente para a companhia", disse Kakinoff. Após estes ajustes, o presidente da empresa disse que não estão previstos novos cortes na oferta de pessoas. Ele também descartou novas demissões na empresa. Diante do novo cenário, a Gol reviu suas projeções para dólar e o crescimento brasileiro este ano. Antes, a companhia trabalhava com dólar a R$ 1,95 a R$ 2,05 na média de 2013. Agora, trabalha com R$ 2,08 a R$ 2,18. Para o crescimento brasileiro, a empresa mudou a projeção do intervalo de 2,5% a 3% para 2% a 2,5%. Já para o preço do combustível a expectativa passou de R$ 2,30 por litro para R$ 2,40. Sobre os efeitos das manifestações na empresa, Kakinoff afirmou que não houve redução na procura por passagens aéreas. O que ocorreu até agora foi um efeito na logística da operação. Como exemplo, ele cita as manifestações em São Paulo, que na sexta-feira fecharam o acesso ao aeroporto de Guarulhos, complicando a chegada e saída de passageiros. Questionado se a empresa estuda emitir dívida para captar recursos, Kakinoff afirmou que a companhia tem R$ 3 bilhões em caixa e não estuda captar no exterior ou no Brasil neste momento.

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