PUBLICIDADE

Granado vende fatia de 35% para a espanhola Puig por R$ 500 milhões

Fabricante e varejista de cosméticos brasileira buscava sócio para financiar expansão internacional da companhia; negociações com a empresa espanhola, que tem o controle das marcas Carolina Herrera e Jean Paul Gaultier, teve início em janeiro

Foto do author Fernando Scheller
Por Catia Luz e Fernando Scheller
Atualização:

A Granado, fabricante e varejista brasileira de cosméticos e perfumaria, fechou nesta terça-feira, 27, a venda de uma fatia de 35% da companhia para a espanhola de moda e perfumes Puig, em um negócio avaliado em R$ 500 milhões. Com sede em Barcelona, o grupo espanhol, que faturou € 1,65 bilhão em 2015, controla marcas de luxo como Carolina Herrera e Jean Paul Gaultier.

As tratativas entre as duas companhias começaram em janeiro. Desde junho, a Puig tinha a exclusividade nas negociações. O controle da Granado continuará nas mãos de Christopher Freeman, empresário americano, ex-executivo do Citibank, que comprou a companhia em 1994, em estado quase falimentar. Dez anos depois, ele fez o mesmo com outra marca que andava esquecida, a Phebo. Hoje, o negócio como um todo fatura cerca de R$ 400 milhões ao ano.

Christopher Freeman, presidente da Granado, e sua filha Sissi, diretora de marketing, continuarão nos cargos Foto: Wilton Junior|Estadão

PUBLICIDADE

Tanto Freeman, hoje presidente da empresa, quando sua filha Sissi, diretora de marketing e vendas, continuarão nos cargos. A Puig, segundo fontes de mercado, terá presença apenas no conselho de administração. Entre os assessores da operação figuraram os bancos Itaú BBA e BTG Pactual e os escritórios de advocacia Stocche Forbes e Eskenazi Pernidji.

Em entrevista ao Estado, Sissi Freeman confirmou o negócio, sem detalhar valores, e afirmou que a Puig ganhou a vantagem nas negociações porque aceitou a ideia de entrar na Granado com uma fatia minoritária e sem a pressão de resultados de curto prazo. Cerca de 20 fundos de private equity (que compram participações em empresas) chegaram a olhar o ativo, conforme informações de mercado.

“Nós viemos construindo a Granado por 20 anos e meu pai tinha a intenção de que a empresa permanecesse na família”, explicou Sissi. “Nossa visão para este negócio continua a ser de longo prazo.”

Dívida. O dinheiro levantado pela aquisição será investido na própria companhia, segundo a executiva. Para construir sua nova fábrica, na cidade de Japeri (RJ), a Granado havia feito uma emissão de debêntures, que agora serão quitadas, reduzindo o gasto da companhia com juros.

Os recursos também deverão ajudar a expandir a rede da companhia, que hoje tem cerca de 50 pontos de venda próprios, além de distribuição em farmácias e em varejo especializado.

Publicidade

Internacionalização. Mas a Puig serve a outro objetivo da Granado: a busca do mercado internacional. Depois de dar um “banho de loja” nas duas marcas, que antes eram conhecidas por produtos de baixo valor agregado, a companhia já deu os primeiros passos lá fora, com a venda de seus produtos na loja de departamentos parisiense Le Bon Marché. Agora, com a ajuda da nova sócia, o objetivo é abrir mais espaço na Europa e nos Estados Unidos.

Para atrair o consumidor de fora, segundo Sissi, a Granado tem percebido que o caráter de resgate da história do Brasil presente tanto nas embalagens quanto na formulação dos produtos é um fator de atração para o consumidor estrangeiro. Pesa também a favor o desenvolvimento de itens com princípios ativos associados à brasilidade, como castanha e açaí.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.