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Inflação: um problema que não pode ser esquecido

Da hiperinflação da década de 80 à inflação na casa de um dígito que se vê hoje, o Brasil passou por uma longa história de instabilidade e aflição em relação aos preços

Por Hugo Passarelli
Atualização:

Se hoje a preocupação com a inflação brasileira é se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano acima do teto da meta - de 6,5% ao ano -, nas décadas de 80 e 90 a população se "armava" com calculadoras para checar o real valor do suado dinheiro.

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"No auge dessa hiperinflação, o trabalhador recebia o salário no dia 1º e já corria para o mercado porque sabia que no dia 30 estaria com toda aquela inflação embutida, mesmo que ela não viesse a ocorrer", diz José Kobori, professor do Ibmec. Para ele, a indexação da economia foi um agravante da escalada inflacionária brasileira.

Fruto do esgotamento do modelo econômico adotado pelo regime militar, o Brasil viveu a década de 80 com um PIB fraco e a inflação em alta. Na tentativa de conter o aumento dos preços, planos econômicos e ministros se sucediam em curto espaço de tempo. Desde 1981, o Brasil teve seis moedas diferentes e 16 ministros da Fazenda. Diante da escalada inflacionária, as palavras "recorde" e "histórico" eram frequentes nas manchetes dos jornais. A inflação acumulada no País durante a década de 80 foi de 36.850.000%, como apontou texto de O Estado de S.Paulo da época.

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Naquela época, cada novo ministro que chegava trazia uma novidade para tentar colocar um freio no desgoverno dos preços, mas as iniciativas se mostravam infrutíferas  e às vezes completamente desastrosas.Um dos projetos de estabilização econômica, o Plano Cruzado, foi instaurado em março de 1986. Ele previa o congelamento de preços e salários e o abono de 8% para todos os trabalhadores.  A nova moeda, o cruzado, equivalia a mil cruzeiros. Apesar dos esforços, o governo de José Sarney terminou em 1990 com inflação de 1764,86%. Mas foi o Plano Brasil Novo (ou Collor) o exemplo mais crítico. No primeiro dia do governo de Fernando Collor de Mello a moeda foi mudada mais uma vez, de cruzado novo para cruzeiro, e as cadernetas de poupança superiores a 50 mil cruzados novos, bem como outras aplicações, foram confiscadas para tentar resolver o problema da inflação. Em 1990 os preços voltaram a avançar e foi anunciado o Plano Collor 2, que reeditou o congelamento de preços e salários.  

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