A montadora chinesa JAC Motors, que veio em 2011 ao Brasil com plano de instalar fábrica na Bahia e aproveitar o apetite do brasileiro para comprar carros, foi surpreendida pela crise econômica e decidiu sair da sociedade com o grupo brasileiro SHC, do empresário Sérgio Habib, que tocará o projeto sozinho. Agora serão investidos R$ 200 milhões, em vez do R$ 1 bilhão projetado inicialmente. Os chineses vão se responsabilizar pela transferência de tecnologia e exportação de componentes para a montagem dos veículos.
Antes, os chineses detinham 66% da JAC no Brasil, enquanto o grupo SHC tinha 34%, segundo a assessoria de comunicação da empresa. Depois a composição acionária foi invertida e a SHC passou a responder por dois terços do projeto, que continua previsto para ser erguido em Camaçari, na Bahia.
Parte do novo aporte virá de recursos próprios, mas Habib vai buscar financiamentos, inclusive com a Desenbahia, agência de fomento da Bahia. Desde o início do projeto a instituição tem adiado a liberação de R$ 120 milhões solicitados pelo grupo.
A opção dos chineses por deixar de investir se deve à decepção com o mercado local, diz a assessoria. Em 2012, os brasileiros compraram 3,8 milhões de veículos e a expectativa era de que, em 2016, o volume saltasse para cerca de 5 milhões. O projeto inicial da fábrica previa capacidade produtiva de 100 mil carros ao ano. Agora é de 20 mil.
Para este ano, o grupo SHC espera nova queda do mercado, para cerca de 2 milhões de veículos, de 2,57 milhões em 2015. Aposta também em lenta recuperação a partir de 2017, com a volta ao patamar de 2012 só em 2023 ou 2024.
A JAC ainda não sabe quantas vagas serão criadas com o novo projeto. Na previsão anterior seriam 3,5 mil empregos diretos.
No novo projeto, houve também alteração do modelo a ser produzido. Habib optou pelo utilitário compacto T5, que custa entre R$ 60 mil e R$ 70 mil, em vez do T3, que seria vendido entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Inicialmente o veículo terá a maior parte das peças importadas.
A JAC espera iniciar a produção até março de 2016, o que significa que a fábrica deveria ficar pronta até dezembro no terreno onde, em 2012, o grupo enterrou um carro da marca numa cápsula do tempo, durante o lançamento da pedra fundamental do projeto. Outra opção será alugar um galpão para agilizar o processo. Já há três propostas de locais. Em 2015 a JAC vendeu 5 mil veículos, 40% a menos que em 2014./ COLABOROU CLEIDE SILVA