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JBS compra negócio de carne suína da Cargill por US$ 1,45 bilhão

Essa é a segunda aquisição internacional da empresa brasileira, que é a maior produtora de carnes do mundo, em um período de 12 dias; com os dois negócios, a companhia da família Batista terá de desembolsar ao todo US$ 3 bilhões

Por Monica Scaramuzzo e Naiana Oscar
Atualização:

Atualizado às 21h55

Depois de afirmar aos investidores que concentraria sua expansão, em 2015, no crescimento orgânico, a JBS anunciou nesta quarta-feira mais uma aquisição global. A maior empresa de carnes do mundo desembolsou US$ 1,45 bilhão pela unidade de suínos da gigante Cargill nos Estados Unidos, a Cargill Pork. Com isso, em um espaço de apenas 12 dias, a JBS fez duas aquisições internacionais, que somam quase US$ 3 bilhões. No dia 20 de junho, a empresa da família Batista divulgou a compra da subsidiária irlandesa da Marfrig por US$ 1,5 bilhão.  “Nossa expansão é realmente focada em crescimento orgânico, mas oportunidades (como Cargill Pork e Moy Park) aparecem e não podemos deixar escapar”, disse ao Estado, Wesley Batista, presidente global do grupo. Segundo ele, o JBS tinha sondado, há alguns anos, a Cargill para a compra dessa divisão de negócios. “Daí, fomos procurados há algumas semanas pela companhia, que decidiu negociar suas operações.”

Operaçãofoi feita por meio da controlada indireta da JBS, Swift Pork Company Foto: Divulgação

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Estão incluídas na operação duas fábricas de processamento de carne: uma em Ottumwa (Iowa) e outra em Beardstown (Illinois). Juntas elas processaram 9,5 milhões de suínos no ano passado. Também entraram no negócio cinco fábricas de ração em Missouri, Arkansas, Iowa e Texas; e quatro granjas de suínos em Arkansas, Oklahoma e Texas, todas nos EUA. “Essa operação está alinhada com a estratégia da JBS de longo prazo de crescimento em produtos com maior valor agregado, ampliando a base de clientes, tanto no mercado interno quanto em exportações”, disse a empresa em fato relevante.Sinergia. Batista afirmou que essa aquisição tem total sinergia com os negócios do JBS nos EUA, a Pilgrim’s Pride. Já Cargill deixa a operação de suínos no mercado americano, com a venda do negócio para o grupo brasileiro, disse Batista. A operação, que foi feita por meio da controlada indireta da JBS, a Swift Pork Company, está sujeita às aprovações das autoridades de defesa da concorrência dos Estados Unidos.  O valor da aquisição é livre de dívidas, podendo ser ajustado no fechamento da operação, pela variação do capital de giro líquido e dos passivos de longo prazo da Cargill Pork.  De acordo com Batista, a empresa pretende financiar essa aquisição com caixa próprio e emissão de dívida. “Vamos analisar as linhas de crédito que temos disponíveis.” A empresa não vai recorrer ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é acionista do grupo, por meio do braço de participações, BNDESPar. A expansão do grupo, segundo o empresário, deverá ser agora totalmente orgânica. “Vamos digerir as recentes aquisições.” Segundo ele, o JBS não tem intenção de fazer aquisições no Oriente Médio e na Ásia. “O mercado asiático é importante, mas não temos intenção agora.” Independentemente do cenário macroeconômico desalentador no Brasil, Batista disse que o grupo vai manter investimentos no País. Os planos de abertura de capital da JBS Foods, contudo, estão suspensos, no momento. “A empresa já tem uma planta de suínos nos EUA e por isso, em um primeiro momento, a avaliação é de que essa aquisição faz sentido para o grupo”, disse Luciana Carvalho, analista do Banco do Brasil. Segundo ela, o mercado aguarda os detalhes da operação, que serão informados hoje em uma teleconferência, para ter ideia do impacto que a nova compra terá no endividamento da companhia. “A empresa tinha afirmado que não faria novas aquisições. Isso não é problema desde que eles continuem entregando resultado e mantendo a rentabilidade.”  Em relatório da semana passada, os analistas do BTG já haviam afirmado que alguns investidores poderiam ficar desapontados com a compra da Moy Park depois de os executivos da empresa afirmarem que o foco estava no crescimento orgânico. Já o Bank of America Merrill Lynch previu um impacto pequeno na alavancagem da JBS, após a compra da subsidiária da Marfrig, que deve ser concluída no fim do ano. De acordo com os cálculos do banco, esse indicador, que relaciona a dívida líquida e o Ebitda, passaria de 2,1 vezes para 2,4 vezes. Hoje, essas estimativas devem ser recalculadas com a compra da Cargill Pork. 

Expansão. O processo de internacionalização da JBS teve início em 2005, com a compra da Swift Armour na Argentina. Nos anos seguintes, a empresa fez pequenas aquisições até abrir o capital em 2007, quando impulsionou sua expansão global. Naquele ano, a empresa entrou no mercado americano com a aquisição da Swift Foods Company e mais tarde somou ao portfólio a Smithfield Beef e a Five Rivers, além do Tasman Group, na Austrália. Em 2009,a empresa brasileira comprou a americana Pilgrim’s Pride, que era a segunda maior produtora de frango dos EUA. 

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