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Lucro do Bradesco cai 5,3% no 1º trimestre e tem a primeira queda em 4 anos

Banco lucrou R$ 4,1 bilhões no período; retração do crédito para empresas impactou o resultado, assim como o forte aumento nas despesas para perdas com calotes

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

SÃO PAULO - Um forte aumento nas despesas para perdas com calotes levou o Bradesco a ter entre janeiro e março a primeira queda sequencial no lucro em mais de quatro anos, evidenciando o crescente peso da recessão no País sobre o setor bancário. O banco reportou lucro líquido contábil de R$ 4,121 bilhões, cifra 2,9% menor que a vista no mesmo intervalo de 2015, de R$ 4,244 bilhões. Em relação aos três meses anteriores, quando ficou em R$ 4,353 bilhões, a retração foi ainda maior: 5,3%.

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A carteira de crédito expandida do Bradesco, que considera avais e fianças, fechou março com R$ 463,208 bilhões, redução de 2,3% em relação ao saldo de dezembro, de R$ 474,027 bilhões. Em um ano, quando somou R$ 463,305 bilhões, o saldo ficou estável.

A retração dos empréstimos no início deste ano foi influenciada, conforme relatório que acompanha as demonstrações financeiras do banco, pela pessoa jurídica, cuja carteira encolheu 3,3% na comparação com os três meses anteriores, para R$ 315,449 bilhões. No ano, a queda foi de 1,8%. A carteira de crédito à pessoa física somou R$ 147,759 bilhões ao final de março, estável ante dezembro, mas 4% maior em um ano.

"A qualidade de crédito vem se deteriorando como efeito da economia fraca. Temos maior aceleração da inadimplência em pequenas e médias empresas, setor que é mais impactado pelo desempenho da economia", destacou Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do Bradesco, em teleconferência com a imprensa. Ele garantiu, contudo, que a instituição financeira tem conforto "bastante grande" para atravessar o atual ciclo de crédito.

As despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, do Bradesco saltaram 30% no primeiro trimestre, para R$ 5,448 bilhões, ante o imediatamente anterior. Em um ano, quando esses gastos estavam em R$ 3,580 bilhões, o incremento foi de 52,2%. Na prática, para cada R$ 1,00 emprestado, tem R$ 2,20 em provisão. 

Renegociação. Já a carteira de créditos renegociados do Bradesco totalizou R$ 13,078 bilhões ao final de março, cifra 17,82% maior que a registrada um ano antes, de R$ 11,100 bilhões. A provisão para esses empréstimos foi a 65,8%, contra 63,3% em 12 meses. Nos três primeiros meses do ano, somente os créditos renegociados do Bradesco somaram R$ 3,5 bilhões, volume quase 19% maior que o registrado em um ano, de R$ 2,9 bilhões. 

Os bancos estão aumentando o volume de créditos renegociados em meio à extensão da crise no País, que tem pesado no desempenho das empresas e, consequentemente, no seu fôlego financeiro. Para evitar o aumento ainda mais acentuado dos calotes, as instituições têm optado por renegociar créditos não vencidos, evitando, assim, uma cifra ainda maior de créditos reestruturados e revisão de ratings.

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De acordo com o balanço, o banco encerrou o primeiro trimestre com R$ 1,1 trilhão de ativos, montante 6,5% superior ao visto em 12 meses. No comparativo com dezembro, houve incremento de 2,0%. Já o patrimônio líquido do banco totalizou R$ 93,3 bilhões de janeiro a março, elevação de 11,2% em 12 meses. Já na comparação com o quarto trimestre do ano passado, foi vista alta de 5,0%.

Apesar da leve queda do lucro, Bradesco manteve estimativas de 2016 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Lucro ajustado. O Bradesco também informou lucro líquido ajustado de R$ 4,113 bilhões no primeiro trimestre, recuo de 3,8% em 12 meses, quando ficou em R$ 4,274 bilhões. No comparativo trimestral, quando a cifra foi de R$ 4,562 bilhões, houve queda de 9,8%. De acordo com o Bradesco, a diferença entre o resultado líquido contábil e o ajustado no primeiro trimestre se deve ao ganho na alienação parcial de investimentos, passivos contingentes e impairment de ações no valor de R$ 57 milhões.

O banco manteve em relatório os guidances estabelecidos para 2016 a despeito do encolhimento dos empréstimos. A manutenção das expectativas já era esperada por analistas do mercado, que julgavam ainda ser cedo para uma mudança nos números.

A instituição financeira espera que sua carteira de crédito expandida, que inclui avais e fianças, cresça de 1% a 5% em 2016. Para a pessoa física, o Bradesco projeta alta de no mínimo 4% e no máximo 8%. Já para a pessoa jurídica, o banco trabalha com cenário de estabilidade e, na melhor das hipóteses, elevação de 4%. (Com informações da Reuters)

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