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Mantega critica juro dos bancos e vê oligopólio

Ministro da Fazenda afirma em CPI na Câmara que falta concorrência no setor financeiro do País

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Por Adriana Fernandes , Renata Veríssimo e da Agência Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, observou nesta quarta-feira, 14, em audiência na CPI da Dívida Pública, na Câmara, que falta concorrência no setor financeiro, mas afirmou que "algo está mudando", em razão de uma "maior atuação dos bancos públicos". Na avaliação de Mantega, o setor financeiro é "oligopolizado", com poucos bancos oferecendo crédito. O ministro criticou os altos juros cobrados dos consumidores pelos bancos. "Poderiam ser menores", disse.Mantega também afirmou que o Brasil está trabalhando junto aos países do G-20 para melhorar as regras de controle do setor financeiro internacional. "Nós somos favoráveis a uma regulamentação mais forte, impedindo essa alavancagem, essa especulação desenfreada do mercado financeiro internacional", disse. Acrescentou que a falta de regulação financeira e de regras claras para os fundos especulativos é que levou o mundo a esta "crise enorme".

 

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O ministro disse ainda que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva vai deixar uma marca econômica maior que apenas a estabilidade. Durante a CPI, o ministro afirmou que a atual administração tem diferenças com as gestões anteriores e deixará como legado um "crescimento econômico forte e robusto mantendo a estabilidade fiscal e monetária".

 

"Já estamos no maior ciclo de expansão da economia nos últimos 30 anos. A economia brasileira não tem medo de crescer", disse ao lembrar que o País deve ter expansão entre 5% e 5,5% em 2010. A afirmação foi feita em resposta a um parlamentar que levantou a hipótese de o Brasil sofrer da "síndrome do bonsai" em que a economia é impedida de crescer normalmente.

 

O ministro também foi questionado sobre a possibilidade de permanecer no cargo no próximo governo. Segundo ele, essa é uma hipótese não cogitada. Mas fez a ressalva que "o futuro a Deus pertence". Ao sucessor no Ministério da Fazenda, Mantega sugeriu que é preciso dar "continuidade a essa política que está dando certo". "É a política econômica que deu mais certo na história do Brasil. Também é fruto de outros governos. Encontramos a rota do desenvolvimento", disse. "Devemos seguir com o PAC, investimentos em infraestrutura, transferência de renda, programas sociais", citou.

 

Durante a sessão, o ministro da Fazenda foi questionado sobre a hipótese de o Brasil crescer no mesmo ritmo da economia chinesa. "Também sonho crescer como a China, mas temos de ir devagar para não atropelar o crescimento sustentável", disse, ao comentar que é melhor crescer a uma taxa menor, mas por mais tempo. "Crescer 5% ou 5,5% é bastante satisfatório. Porém, gradualmente podemos aumentar e nos aproximar de outros países", disse.

 

Mantega compara Lula e FHC

 

O ministro fez diversas comparações entre a gestão do governo Lula e a do presidente anterior, o tucano Fernando Henrique Cardoso. Mantega disse, por exemplo, que "o governo anterior demorou" para colocar em prática a Lei de Responsabilidade Fiscal que só foi aprovada em 2000.

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A afirmação do ministro foi feita em meio à avaliação de que alguns temas econômicos precisam de tempo para "melhor percepção" da sociedade, do mercado financeiro e, às vezes, do próprio governo. "Foram quatro anos depois de o governo anterior ter resultados fiscais bastante fracos. Hoje, há percepção melhor da LRF principalmente após nosso governo", disse, ao comentar que o governo atual preza pelos limites impostos pela Lei.

 

Outra comparação foi feita com o dinheiro disponível para o Plano Safra. Em 2002 - último ano de FHC, o governo havia destinado R$ 35 bilhões à agricultura. O atual plano do governo Lula tem R$ 107 bilhões para a agricultura empresarial e familiar.

 

Mantega também citou a carga tributária. "De fato, ainda ela é elevada. Mas a carga foi elevada sobretudo no governo anterior por meio de aumento de impostos. Na nossa administração, houve redução da tributação de empresas e cidadãos", disse. O ministro esclareceu que a carga tributária em relação ao PIB aumentou em alguns anos do governo atual porque houve "formalização e crescimento da economia".

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