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Montadoras de veículos no Brasil devem seguir contendo produção, diz Ford

No acumulado de janeiro até quinta-feira, as vendas de veículos novos mostram queda de 8,5% sobre o mesmo período de 2013

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Por Redação
Atualização:
No primeiro semestre, as vendas de veículos novos no Brasil caíram 7,6 por cento, enquanto a produção recuou 17 por cento Foto: Divulgação

As montadoras de veículos instaladas no Brasil devem continuar promovendo ajustes para conter produção, pressionadas por estoques elevados e vendas ainda apontando para baixo, afirmou nesta sexta-feira um executivo de alto escalão da Ford.

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Segundo Rogélio Golfarb, vice-presidente de assuntos corporativos da Ford para a América do Sul, as vendas de veículos novos no Brasil em julho até a quinta-feira mostram queda de 14,7 por cento sobre o mesmo período do ano passado, mesmo após o governo ter adiado para o fim do ano aumento da carga tributária do setor.

Com isso, no acumulado de janeiro até quinta-feira, as vendas de veículos novos no Brasil mostram queda de 8,5 por cento sobre o mesmo período de 2013.

"Até o momento, não há uma clara indicação de retomada, a média diária está em 12.300 a 12.500", afirmou o executivo após evento em que exibiu a nova versão do compacto Ka que pode ser equipada com sistema de pedido de socorro aos ocupantes, em caso de acidente com o veículo. Em maio, por exemplo, a média de vendas por dia útil foi de cerca de 13,7 mil veículos.

No primeiro semestre, as vendas de veículos novos no Brasil caíram 7,6 por cento, enquanto a produção recuou 17 por cento. Apenas no segundo trimestre, as vendas tombaram 12 por cento sobre um ano antes e a produção desabou 24 por cento.

Apesar da forte queda na produção, gerada por férias coletivas, turnos de trabalho menores e suspensão de contratos de trabalhadores, a indústria terminou junho com estoque praticamente estável sobre maio, a 395,4 mil unidades.

Na avaliação de Golfarb, é justamente o estoque ainda elevado após o ajuste de produção do setor que preocupa.

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"Apesar das medidas de ajuste de produção, não se conseguiu baixar os estoques (...) O grande desafio é esse ritmo de vendas com uma indústria muito estocada, incluindo distribuidores", afirmou o executivo.

A associação que representa as montadoras, Anfavea, já havia informado no início deste mês, quando cortou suas previsões para o restante do ano, que esperava ver certa recuperação nas vendas do segundo semestre em relação à fraca primeira metade de 2014, mas que os licenciamentos do período ficariam abaixo de um ano antes.

Golfarb concorda com a tese, citando como motivo para algum otimismo nos próximos meses a tendência sazonal de vendas maiores que nos primeiros seis meses de cada ano, além do fim dos "feriados" gerados pelos jogos da Copa do Mundo no país.

O executivo comentou ainda que a decisão do Banco Central de alterar regras do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo e à vista, anunciada nesta sexta-feira, é positiva para o setor, porém é cedo para estimar o real impacto na oferta de crédito para a compra de veículos.

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Sobre a Argentina, principal mercado para os veículos produzidos no Brasil, o executivo afirmou que as exportações melhoraram após a negociação do acordo automotivo entre os dois países, em junho.

Porém, o mercado interno argentino segue deprimido, acumulando queda de 33 por cento no primeiro semestre sobre um ano antes, disse Golfarb.

Falando sobre a Ford, o executivo avalia que o início das vendas do novo Ka no Brasil, em setembro, deve ajudar o desempenho da companhia no país, com ganho de participação de mercado para a empresa. Até junho, a fatia da Ford no segmento de carros e comerciais leves era de 9,04 por cento, segundo dados da associação de concessionários, Fenabrave. "Vai ser um reforço para nossas vendas", afirmou o executivo referindo-se ao novo Ka.

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Para enfrentar o cenário de queda das vendas da indústria, a montadora tem promovido "promoções agressivas" em toda a linha de veículos, disse ele, acrescentando que a Ford, até o momento, não está negociando suspensão de contratos de trabalho com sindicatos.

Na véspera, o sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, afirmou que a General Motors comunicou a entidade de intenção de suspender contratos de 1.000 dos cerca de 5.200 trabalhadores da fábrica da companhia na cidade do interior paulista.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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