O estilo de gestão do executivo Peter Estermann, 60 anos, à frente da dona da Casas Bahia e do Ponto Frio sugere um homem de varejo. No entanto, as origens do executivo que tirou a Via Varejo de um bilionário prejuízo estão no agronegócio. Ele só estreou no varejo há quatro anos, pelas mãos de Ronaldo Iabrudi, com quem já havia trabalhado anteriormente. A partir de abril, ele sucederá Iabrudi no comando do Grupo Pão de Açúcar.
Agrônomo de formação, Estermann teve a maior parte de sua carreira dedicada ao agronegócio, setor em que atuou por 20 anos. O executivo – nascido em Rolândia, colônia alemã no Norte do Paraná, que tem até a própria Oktoberfest – só mudou de área em 2001, quando foi atuar na Telemar (atual Oi). Depois de uma passagem pela Medial Saúde, ficou seis anos na mineradora Magnesita.
No Grupo Pão de Açúcar, fez carreira meteórica: entrou como vice-presidente de infraestrutura e estratégia do GPA em 2014, foi promovido a presidente da Via Varejo em 2015 e agora será alçado ao comando do grupo.
À frente da Via Varejo, Estermann ficou conhecido pelo estilo “mão na massa”. Na última Black Friday, foi a uma loja às 6h30 para verificar os preparativos para a megapromoção. Para tirar o negócio do vermelho, teve de tomar decisões rápidas e fazer cortes na carne.
Quando Estermann chegou à Via Varejo, em setembro de 2015, a empresa ainda estava abrindo lojas, apesar das vendas ruins. Virou a chave rapidamente: passou a fechar pontos de venda. E esse não era o único erro a ser corrigido: era necessário diferenciar as marcas Casas Bahia e Ponto Frio e tirar o atraso em relação ao Magazine Luiza no e-commerce.
++ Supermercados são o desafio do GPA
Em agosto de 2016, o GPA desistiu do que foi considerado um de seus maiores erros estratégicos no País: a contabilização das vendas físicas na Via Varejo e dos negócios online na Cnova. Com a decisão, o e-commerce passou de patinho feio a prioridade. A abertura de lojas, que voltou a ser feita em 2017, passou a priorizar a integração com o mundo online, que hoje responde por cerca de 25% dos negócios da Via Varejo. São unidades menores, voltadas à exposição de produtos e que fazem o papel de ponto de coleta para compras feitas pela web.
Estermann, porém, não deixou as origens do agronegócio totalmente no passado. Um de seus hobbies, no sítio que mantém, é a criação do galo índio gigante. A ave ornamental, que chega a medir 1,2 metro, é alvo de disputas ferrenhas em leilões – em outubro de 2017, um galo foi arrematado por R$ 154 mil.