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Petrobrás mostra recuperação e registra lucro de R$ 4,4 bi no 1º trimestre

Resultado veio positivo pelo segundo trimestre seguido e reverteu o prejuízo de R$ 1,2 bi visto no mesmo período do ano passado

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Por Redação
Atualização:

A Petrobrás teve lucro de R$ 4,449 bilhões no primeiro trimestre deste ano e reverteu o prejuízo de R$ 1,246 bilhão visto no mesmo período do ano passado. O presidente da estatal, Pedro Parente, afirmou estar satisfeitos com os resultados. "Em termos gerais, os resultados operacionais e financeiros foram positivos. Foi um bom trimestre para a companhia", disse.

Ao participar da coletiva para divulgar os números, o executivo destacou a geração de caixa da companhia. O Ebitda de R$ 25,5 bilhões registrado nos três meses encerrados em março foi um recorde histórico. A margem Ebitda é a maior desde 2009.

Plano de venda de ativos favoreceu números da estatal Foto: Agência Petrobrás

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A expectativa era que o resultado do período de janeiro a março deste ano fosse positivo em R$ 3,5 bilhões, segundo analistas consultados pelo Broadcast, sistema de informações em tempo real do Grupo Estado. No último trimestre de 2017, a petroleira também registrou lucro, de R$ 2,510 bilhões, já mostrando recuperação.

O resultado do primeiro trimestre foi influenciado pela queda de 27% nas despesas recorrentese de 11% nas despesas financeiras, ambas na comparação trimestral. Além disso, a política de preços de combustíveis permitiu à empresa se adaptar aos preços do petróleo no exterior, o que também resultou em ganhos. Na expectativa da divulgação dos números positivos, as ações da Petrobrás fecharam em alta de 0,61% na PN (preferência no recebimento de dividendos, papéis mais líquidos).Petrobrás coloca à venda refinaria de Pasadena e subsidiária na África

De acordo com a petroleira, o resultado foi determinado por menores gastos com importações de petróleo e gás natural, pela maior participação do óleo nacional na carga processada e pela maior oferta de gás nacional. 

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Além disso, houve aumento de 72% nas exportações, que atingiram 782 mil barris/dia, com preços médios de petróleo mais elevados; pela redução de 27% nas despesas com vendas, gerais e administrativas; pela queda de 11% nas despesas financeiras líquidas e por menores gastos com baixa de poços secos e/ou subcomerciais e com ociosidade de equipamentos. Segundo especialistas, o resultado do primeiro trimestre passou ao largo do impacto da recessão nas vendas internas de combustíveis. A queda na produção (8%) e nas vendas (5%) de gasolina, diesel e demais derivados, na comparação com o primeiro trimestre de 2016, foi compensada pelo aumento nas exportações.

Com isso, a produção total de petróleo da estatal, no Brasil e no exterior, cresceu 9% em relação ao primeiro trimestre de 2016, para 2,248 milhões de barris/dia. “Estamos satisfeitos com esses resultados”, disse o presidente da estatal, Pedro Parente. “Reduzimos gastos com ganhos de produtividade e aumento da produção.” ​Para o analista Flávio Conde, da consultoria WhatsCall Research, o resultado foi “forte”, principalmente por causa da maior eficiência operacional. O balanço financeiro da estatal mostrou que, no primeiro trimestre, houve redução de 27% nas despesas com “vendas, gerais e administrativas” e de 11% nas despesas financeiras líquidas. Com o avanço do plano de incentivo ao desligamento voluntário (PIDV), o efetivo total encolheu 17% na comparação com o primeiro trimestre de 2016, somando agora 65,2 mil funcionários.

O anúncio da conclusão da venda de 90% das ações do gasoduto NTS (Nova Transportadora do Sudeste) para a Brookfield também ajudou no resultado positivo deste primeiro trimestre. A operação, concluída no mês passado, rendeu US$ 4,23 bilhões à Petrobrás.

O endividamento da petroleira também caiu. A alavancagem - ou o quanto o patrimônio da empresa está comprometido com dívidas - caiu de 3,54 vezes para 3,24 vezes em relação ao quatro trimestre do ano passado. A dívida bruta caiu 5% em relação ao nível do fim de 2016, passando para R$ 364,8 bilhões. A dívida líquida ficou em R$ 301 bilhões. Grande parte do movimento se deveu à queda do dólar: na moeda americana, a dívida líquida caiu só 1%, para US$ 95 bilhões.  A petroleira continua a ser uma das companhias mais endividadas do mundo, mas o índice de alavancagem está caindo a patamares que nem a diretoria projetava. A estatal se comprometeu com a meta de reduzir esse índice a 2,5 no fim do próximo ano. Para Conde, mantido o ritmo atual, a meta parece factível.  Segundo Edmar Almeida, professor da UFRJ, o resultado mostra que a Petrobrás está em recuperação, mas, além das cotações do petróleo e da venda de ativos, a estatal dependerá muito da economia brasileira para atingir suas metas. 

Além das exportações, a variação cambial ajudou ainda a melhorar os números da dívida, denominada em dólar. No entanto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questiona, por meio de oito processos, a contabilidade de operações de hedge da petroleira, usadas para proteção contra variações no câmbio.

Além da forma como a petroleira contabiliza esses números, o órgão regulador também investiga atrasos na entrega de informações financeiras e a atuação de auditores independentes na análise das informações prestadas pela companhia./COM KARIN SATO,  MÁRCIO RODRIGUES, FERNANDA NUNES E VINÍCIUS NEDER

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