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Petrobrás pode levantar R$ 7,5 bi com abertura de capital da BR Distribuidora

Valor, que considera o máximo do preço sugerido e a venda de ações adicionais, representaria a maior estreia na Bolsa no País desde 2013, quando abertura de capital da BB Seguridade movimentou R$ 11,5 bi; operação está prevista para o mês que vem

Por Fernanda Nunes
Atualização:

A Petrobrás poderá arrecadar até R$ 7,5 bilhões com o lançamento das ações da BR Distribuidora na B3, Bolsa paulista, no mês que vem. A operação de abertura de capital da companhia faz parte do programa de venda de ativos para a redução da dívida de R$ 280 bilhões da estatal, a maior acumulada por uma petroleira em todo mundo. 

De acordo com prospecto preliminar publicado pela companhia nesta quarta-feira, 22, para a venda inicial de 25% das ações, a companhia projeta preço de papel entre R$ 15 e R$ 19. 

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A presentação aos investidores, o chamado roadshow,irá até o dia 13 de dezembro, Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

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A operação pode envolver ainda lotes suplementares de ações, que podem levar a estatal a de desfazer de 33,75% da sua subsidiária de combustíveis. O valor de R$ 7,5 bilhões, que considera o máximo do preço sugerido e a venda das ações adicionais, representaria a maior abertura de capital no Brasil desde 2013, quando a BB Seguridade movimentou R$ 11,475 bilhões.

A estimativa da empresa, aprovada pelo conselho de administração e apresentada ao mercado, considera a avaliação de preço feita por um grupo de bancos. O valor da BR vai ser definido, de fato, no dia 13 de dezembro, após 22 dias de apresentações da operação aos investidores, no chamado “roadshow”. 

Para chegar a essa estimativa de valor da ação, os bancos consideraram uma série de informações da empresa que devem afetar o apetite de possíveis compradores. Do lado positivo, pesou, por exemplo, o fato de a BR liderar o mercado interno de combustíveis. Em contrapartida, depõem contra ela as denúncias de corrupção na Operação Lava Jato envolvendo a sua controladora, Petrobrás. 

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O preço médio estimado para a ação da BR está 20% abaixo do que o mercado paga pela Ultrapar, controladora da sua principal concorrente, a Ipiranga. Executivo da cúpula da estatal argumentou ao Estadão/Broadcast que a Ipiranga tem apresentado resultados financeiros melhores do que o da BR, embora, em volume de vendas, esteja atrás da estatal. No mercado, analistas consultados que não quiseram se identificar disseram que a BR deve atrair investidores da Ultrapar. Mas, dentro da empresa, a expectativa é de que o perfil do investidor não seja limitado ao do mercado de combustíveis. “Vai ter dinheiro novo”, disse a fonte.

Reação. O mercado reagiu bem ao anúncio. As ações preferenciais da Petrobrás, sem direito a voto, fecharam com alta de 1,32%, a R$ 16,11. As ordinárias foram negociadas a R$ 16,50, alta de 0,86%. 

A fonte da Petrobrás que falou ao Estado ressaltou, porém, que a BR “não é nem de longe” o ativo que mais vai contribuir para que a empresa alcance a meta de se desfazer de US$ 21 bilhões em ativos até 2018. O valor a ser levantado pela abertura de capital da BR é inferior, por exemplo, ao que a estatal conseguiu com a venda de 90% da rede de gasodutos Nova Transportadora do Sudeste (NTS) – US$ 4,23 bilhões, pagos por um fundo de investimento gerido pela Brookfield.

 dinheiro vindo da venda da BR também é pouco frente ao tamanho da dívida da petroleira. Entre os administradores da estatal prevalece, no entanto, a percepção de que o principal ganho com a operação será em eficiência de gestão. O controle da BR continuará sendo estatal. 

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Na tentativa de demonstrar ao mercado que a sua subsidiária passará a ter uma administração compatível à de empresas privadas, a Petrobrás se comprometeu a manter conselheiros de administração independentes na BR. Ainda assim, na cúpula da petroleira há quem duvide de que essa medida será suficiente para garantir as melhores práticas dentro da empresa. 

Venda. A Petrobrás cogitou vender um pedaço da empresa antes de decidir pela abertura de capital. Fundos, como o Advent; chegaram a olhar o negócio. Outra alternativa foi vender um pedaço da companhia, operação que também não foi adiante. / COM REUTERS

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