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Principais sócios da Usiminas voltam a se desentender

Uma semana depois de a CSN pagar anúncio em jornais para criticar a postura dos dois sócios do bloco de controle, a Nippon convocou imprensa para rebater a companhia de Steinbruch

Por FERNANDA GUIMARÃES E MÔNICA SCARAMUZZO
Atualização:
A CSN, de Benjamin Steinbruch, pagou anúncio em jornais para criticar a postura dos sócios Foto: Evelson de Freitas/Estadão

Os principais acionistas da Usiminas acirraram os ânimos de vez. Uma semana depois de a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Benjamin Steinbruch, principal sócia da siderúrgica fora do bloco de controle, pagar anúncio em jornais para criticar a postura dos dois sócios do bloco de controle – o grupo japonês Nippon Steel e o ítalo-argentino Ternium/Techint –, a Nippon convocou ontem a imprensa para rebater a companhia de Steinbruch e se posicionar em relação à possível cisão da Usiminas.

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O diretor da Nippon Steel, Yoichi Furuta, argumentou que a CSN é a maior concorrente da Usiminas e tem feito tudo “para querer atrapalhar”. A CSN se posicionou contra o aumento de capital de R$ 1 bilhão na Usiminas, em março, e conseguiu indicar, en abril, dois membros ao conselho da companhia – Gesner de Oliveira e Ricardo Weiss –, com o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Essa decisão do Cade é contestada por Nippon e Ternium na Justiça.

A disputa societária entre Nippon e Ternium tornou-se pública em setembro de 2014, após a destituição de três executivos indicados pela Ternium. Furuta admitiu que, em uma eventual separação de ativos, o “mais adequado seria a usina de Ipatinga ficar com a Nippon (e a Cosipa com a Ternium)”. Mas disse que a intenção, no momento, é encerrar a briga com a a sócia com conversas amigáveis e manterá o atual acordo de acionistas, válido até 2031.

Após a CSN ganhar mais voz no conselho da Usiminas, a disputa entre os acionistas se acirrou ainda mais. De 2011 a 2012, a CSN investiu cerca de R$ 3 bilhões em ações da Usiminas. Mas terá de se desfazer dessa fatia, que hoje vale apenas R$ 500 milhões, por decisão do Cade.

Nos últimos meses, os três grupos têm trocado acusações. A CSN também contesta contratos firmados entre Nippon e Usiminas e também o aumento de capital. Já a Nippon questiona a eleição do Sergio Leite, alçado à presidência da Usiminas pela Ternium, no lugar de Rômel de Souza, nome indicado pelo grupo japonês.

Em março, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) transformou em processo sancionador um pedido contra Paulo Penido, ex-presidente do conselho de administração da Usiminas, por atuação irregular em reunião do conselho da companhia, em agosto de 2014. A autarquia ainda não analisou o caso.

Reações. A Usiminas disse ontem, em comunicado, que o “momento é de trabalhar com foco (...) na melhoria dos resultados e na conclusão da renegociação da dívida”. Já Luiz Miranda, que representa os trabalhadores e aposentados no conselho da siderúrgica, também afirmou, em nota, que não representa interesse de determinado acionista e pede bom senso aos acionistas. Procuradas pelo Estado, CSN e Ternium não comentaram.

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