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Quatro fazendas da Boi Gordo vão a leilão este mês

Fazendas são avaliadas em R$ 17,3 milhões, enquanto dívida com credores já atinge R$ 3 bilhões

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

Quatro grandes propriedades rurais da massa falida da Fazenda Reunidas Boi Gordo, avaliadas em R$ 17,3 milhões, vão a leilão este mês para quitar parte das dívidas dos credores, cujo valor já atinge R$ 3 bilhões. A Boi Gordo, que chegou a ter 30 mil investidores no chamado "boi de papel", pediu concordata em outubro de 2001, mas teve a falência decretada em abril de 2004, deixando um passivo, na época, de R$ 2,2 milhões. Desde então, os credores tentam reaver parte do valor investido através da venda, em leilão, dos bens da empresa.

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No primeiro leilão, no próximo dia 7, serão ofertadas duas fazendas, a Alteza (glebas I e II), em Cáceres (MT), avaliada em R$ 744 mil, e a Primavera, em Poconé (MT), com avaliação de R$ 1,38 milhão. A grande expectativa dos credores, no entanto, é para o leilão do dia 24, quando será vendida, além da fazenda Vale do Sol, em Salto do Céu (MT), avaliada em R$ 1,26 milhão, a fazenda Realeza, em Itapetininga, interior de São Paulo, a 170 km da capital. Somente essa propriedade está avaliada em quase R$ 14 milhões. Trata-se de uma grande área plana à margem esquerda da rodovia Raposo Tavares, praticamente na zona urbana de Itapetininga.

A fazenda sediou os famosos leilões da Boi Gordo, em que os convidados chegavam até de helicóptero para, entre um lance e outro, consumir champanhe francês e uísques especiais. Depois da falência, as terras foram disputadas por grupos de luta pela reforma agrária - integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) chegaram a invadir a fazenda em 2007, mas foram despejados pela Justiça. Os administradores da massa falida conseguiram uma liminar para que a área não voltasse a ser invadida. Os leilões serão realizados na Casa de Portugal, em São Paulo, e terão transmissão ao vivo. Para dar lance, os interessados precisam estar presentes. As vendas serão efetivadas se os lances alcançarem o valor da avaliação atualizado até a data. Caso isso não ocorra, será designada nova data para venda.

De acordo com o síndico da massa família, Gustavo Sauer de Arruda Pinto, outras dez fazendas que pertenceram ao grupo serão leiloadas no próximo ano. Com a venda de todas elas, a expectativa é obter mais de R$ 200 milhões. Os credores trabalhistas, que têm a preferência no pagamento, possuem créditos de R$ 100 milhões. A Boi Gordo oferecia aos investidores contratos com promessa de lucro de 42% em 18 meses. O ganho viria tanto da engorda de bois para abate, quando do crescimento dos bezerros. O negócio afundou quando os saques começaram a superar os investimentos e se descobriu que a empresa tinha muito mais bois no papel do que no pasto.

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