Atualizado às 17h45
SÃO PAULO - A Oi anunciou nesta segunda-feira, 26, que recebeu uma proposta de aporte de até US$ 4 bilhões do grupo russo Letter One, do bilionário russo Mikhail Fridman, com o objetivo de possibilitar uma consolidação do setor de telecomunicações no mercado brasileiro envolvendo uma potencial combinação de negócios com a TIM Participações S.A..
"De acordo com a proposta, a Letter One estaria disposta a realizar um aporte de até US$ 4 bilhões na Oi, condicionada à operação de consolidação", informa a operadora. Ou seja, o investimento ocorreria sob a condição da Oi promover uma consolidação com a TIM Participações. A proposta, diz, será devidamente analisada pela companhia em conjunto com seus assessores legais e financeiros.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa explica que a proposta foi recebida na última sexta-feira pelo BTG Pactual, contratado para desenvolver alternativas viáveis de estruturas que viabilizem sua participação na consolidação do setor no mercado brasileiro.
O mercado recebeu bem a notícia da proposta. As ações ordinárias da companhia Oi tiveram forte alta, liderando as valorizações da BM&FBovespa. No melhor momento, os papéis avançaram mais de 15%. A TIM, porém, informou em um comunicado que não está em "nenhuma negociação em curso" com a Oi ou com o grupo Letter One, em relação a "qualquer potencial consolidação no mercado brasileiro".
Com o noticiário, o setor de telefonia terminou o dia entre as maiores altas do Ibovespa. Oi PN avançou 6,06%, TIM ON, 5,93% e Vivo PN, 4,29%, as três maiores elevações do índice.
Investidor. O interesse do grupo russo já havia sido antecipado pelo Estadão no último dia 23. O bilionário Mikhail Fridman tem investimentos, por meio de seu fundo LetterOne, em companhias de telecomunicações da Europa. Em abril, o fundo L1 anunciou ao mercado planos para investir US$ 16 bilhões em empresas de telecomunicações, tecnologia e também óleo e gás.
Fridman é dono do Grupo Alfa, que controla um dos maiores bancos privados de investimento da Rússia. Nascido na Ucrânia, em 1964, o empresário pertence a uma das famílias mais ricas da Rússia. Ele começou seus negócios na área de entretenimento na década de 80. Hoje, seu grupo é controlador de operadoras de telefonia na Rússia, VimpelCom, e na Turquia, a Turkcell.
A Letter One, que investe em ativos de energia e tecnologia, tinha cerca de US$ 25 bilhões sob gestão até o final do ano passado.
Dívidas. A proposta da Letter One vem em um momento de persistência das dificuldades financeiras da Oi, mesmo após a venda dos ativos portugueses da Portugal Telecom para o grupo europeu Altice neste ano.
A Oi tenta desde o ano passado viabilizar uma consolidação da indústria de telecomunicações do País enquanto mantém planos de melhoria de sua governança e fazer investimentos em banda larga. A empresa terminou o primeiro semestre com dívida líquida de R$ 34,6 bilhões ao final do primeiro semestre e caixa de R$ 16,6 bilhões.
O presidente-executivo da Telecom Italia, controladora da TIM, Marco Patuano, vem esta semana ao Brasil com agenda oficial de participação em evento do setor em São Paulo.
A Telecom Italia tem afirmado que a operação no Brasil é estratégica para a companhia. Em meados de setembro, o presidente-executivo da TIM, Rodrigo Abreu, tinha afirmado a investidores em Nova York que a operadora não estava buscando "agressivamente" uma fusão e que a empresa estava bem posicionada para se beneficiar da consolidação do mercado. (Com Lucas Hirata, da Agência Estado, informações da Reuters)