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O Futuro dos Negócios

Opinião|Seu pedido é uma ordem

É possível que, no futuro, o único ser humano envolvido nas suas compras pela internet - do clique até o recebimento do produto - seja você

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Atualização:

Relatório publicado pela OMC (Organização Mundial do Comércio, ou World Trade Organization) indicou que as exportações de mercadorias de seus 164 países membros movimentaram mais de US$ 16 trilhões em 2015, e as exportações de serviços superaram US$ 4,5 trilhões no mesmo ano. Bens de consumo são produzidos, embalados, distribuídos, comercializados e entregues a uma velocidade sem precedentes - e esta cadeia de suprimentos praticamente invisível sobre a qual não costumamos pensar está passando por um período de transformações importantes em função de diversas tecnologias que já discutimos neste espaço.

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Em uma pesquisa com novecentos executivos da área de manufatura e de suprimentos realizada pela MHI (uma associação internacional da indústria de materiais, logística e cadeia de suprimentos) e pela multinacional Deloitte (baseada no Reino Unido) divulgada em abril de 2017, 80% dos entrevistados - ou quatro em cada cinco - responderam que até 2022 a cadeia de suprimentos digital será o modelo que irá dominar o mercado. Dos 20% restantes, 16% afirmaram que esta já é a realidade que estamos vivendo, e as três tecnologias que se destacaram como vetores de vantagem competitiva foram robótica e automação, análise preditiva e Internet das Coisas (ou IoT, Internet of Things).

De fato, diversas etapas da cadeia de suprimentos são altamente passíveis de automação e é possível imaginar que em um futuro não muito distante - talvez em duas ou três décadas - o único ser humano envolvido em uma transação de comércio eletrônico (ou a impressão 3D do artigo desejado) seja a pessoa que realizou o pedido. Todas as outras etapas, da produção até a entrega final, estariam sob a responsabilidade de máquinas.

O consumidor moderno já se acostumou com a comodidade de realizar suas compras pela Internet - inicialmente, eram livros (que ainda coexistem com suas contrapartes digitais) ou CDs (que seguem em declínio graças aos serviços de streaming e de download de músicas), mas em alguns anos já tornou-se possível comprar praticamente qualquer coisa sem sair de casa. Comida, roupas, brinquedos, material escolar, eletroeletrônicos, carros ou imóveis: basta estar conectado. Esta mudança no comportamento do consumidor fez com que toda estrutura de distribuição e logística fosse repensada: de qualquer parte do mundo pode chegar um pedido, a qualquer instante, para adquirir um item específico dentre centenas de milhões de opções disponíveis. Estima-se que a Amazon, líder global de comércio eletrônico, disponibiliza algo entre quatrocentos e quinhentos milhões de itens distintos em seu site.

Uma das importantes vantagens competitivas que a Amazon possui está relacionada aos seus centros de distribuição, espalhados pelos Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Reino Unido, França, Alemanha, China e Japão, entre outros. Isso permite que grande parte dos produtos cheguem aos seus clientes em dois dias ou menos. Estes centros foram construídos integrando robôs e computadores a todas as etapas do processo, otimizando aspectos como tamanho da embalagem, origem do envio e rota para entrega - 185 países são servidos, gerando em 2016 uma receita de US$ 136 bilhões para a empresa. A companhia possui uma das dez marcas mais valiosas do mundo, estimada em US$ 165 bilhões pelo ranking BrandZ 2018, publicado pela consultoria britânica Kantar Millward Brown - atrás apenas da Google e da Apple. Neste ranking, as cinco marcas mais valiosas do mundo pertencem a empresas de tecnologia, totalizando um valor superior a um trilhão de dólares.

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A transformação das cadeias de suprimento globais em curso atualmente passam pelo transporte dos bens, seu armazenamento, preparação, embalagem, despacho e entrega final. Como robôs, drones, computadores e algoritmos inteligentes estão atuando em cada uma destas etapas será nosso tema para semana que vem. Até lá.

*Fundador da GRIDS Capital, é Engenheiro de Computação e Mestre em Inteligência Artificial

Opinião por Guy Perelmuter
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