BRASÍLIA - O presidente-executivo da Shell, Ben Van Beurden, confirmou, após reunião com o presidente Michel Temer, que a companhia planeja investir US$ 10 bilhões no Brasil nos próximos quatro anos. "Acreditamos desde cedo na economia brasileira e até agora não nos desapontamos, mas estaremos olhando com atenção a estabilidade fiscal", disse.
Segundo ele, prioritariamente esses investimentos serão para projetos com a Petrobrás e o pré-sal, incluindo os projetos da petroleira britânica BG (adquirida pela Shell) e no Campo de Libra. "Ao mesmo tempo, estaremos olhando oportunidades como os leilões do ano que vem", disse.
O presidente da companhia no Brasil, André Araújo, ressaltou que os US$ 10 bilhões não estão relacionados ao novos leilões e os investimentos fazem parte do portfólio que já existe na companhia. "Discussões sobre participação em leilões virão quando as condições dos leilões forem conhecidas", afirmou.
Beurden disse ainda que a reunião com Temer e com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e de Minas e Energia, Fernando Bezerra, foi muito boa. Ele lembrou sua visita em setembro a Temer e disse que já havia avisado na ocasião que traria um grupo de investidores "para mostrar confiança na economia brasileira".
O executivo disse ainda que foi "muito importante ouvir tudo que já foi feito pelo governo" e que Temer demonstrou um "senso de urgência" em sua administração. "Ficou claro que o investimento estrangeiro é fundamental para alavancar a economia."
Pré-sal. Ben van Beurden também comemorou a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que acaba com a exclusividade da Petrobrás na operação dos campos do pré-sal.
Segundo o executivo, a decisão "abre um novo mercado" para investidores de fora. "Esse é o movimento certo para se fazer, vai abrir novas oportunidades para que novos players venham ao mercado brasileiro e integrem esse mercado, abrindo novas posições, inclusive de emprego no País."
Após reunião no Palácio do Planalto com o presidente Michel Temer, Beurden disse que, apesar da companhia já ter "bastante exposição do Brasil em nosso portfólio, ainda há espaço para mais." A empresa anunciou investimentos de US$ 10 bilhões para os próximos quatro anos, em áreas onde já atua.
"Nós não queremos ser apenas parceiros estratégicos da Petrobrás como operadora. Nós queremos também operar no Brasil, tendo a Petrobrás como nossos parceiro estratégico", comentou o executivo, em encontro com jornalistas. "Nós vamos olhar com interesse renovado as novas oportunidades que vão surgir desse novo marco regulatório."
A velocidade e o tamanho de novos investimentos, no entanto, vai depender da estabilidade do País, comentou Beurden. "Ao mesmo tempo em que isso torna o mercado mais atraente para nós enquanto operadores, a estabilidade fiscal e regulatória serão aspectos críticos nas nossas próximas decisões de negócios e investimentos."
Leilões. Ben van Beurden, disse que a companhia deverá participar dos novos leilões de petróleo previstos para 2017 e 2018 no Brasil, incluindo novas reservas do pré-sal. "Estaremos olhando novas oportunidades, como os leilões do ano que vem e novos leilões do pré-sal que possam vir a partir de 2018, cientes de que precisaremos repor nossas reservas aqui no Brasil", comentou o executivo, após encontro com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto.
Beurden não fez nenhuma menção sobre o cenário político brasileiro, limitando-se a apontar que vai acompanhar os desdobramentos da estabilidade fiscal e regulatória no setor de petróleo. "Tudo que ouvimos hoje do presidente e de seus ministros reforça nossa ideia de que estamos fazendo a coisa certa ao tornar o Brasil um dos três destinos principais para investimentos globais do grupo Shell", disse.
Outro assunto que será acompanhado pela Shell diz respeito à renovação do Repetro, um regime especial de tributação do setor. O programa, que vence em 2019, deve ser renovado por até 20 anos. Com a renovação, as empresas do setor continuarão a ter garantia de isenções de PIS, Cofins, IPI, além da previsão de redução ou mesmo isenção de ICMS pelos Estados.
"Tudo o que foi feito é muito encorajador e nós continuaremos acompanhando com muito interesse os próximos passos do governo com relação ao marco regulatórios, ao fiscal e a itens como o Repetro, por exemplo", comentou Beurden.