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Sindicato argentino quer prorrogar conciliação com Vale

Por MARINA GUIMARÃES e CORRESPONDENTE
Atualização:

O Ministério do Trabalho da Argentina poderá prorrogar a medida de conciliação obrigatória entre a Vale e os empregados envolvidos no projeto de potássio Rio Colorado, em Malargüe, na província de Mendoza. O período termina na próxima quinta-feira (11) e a prorrogação poderá ser estendida por mais 20 dias úteis, informou uma fonte que acompanha as negociações.O pedido de prorrogação será entregue ao Ministério do Trabalho nas próximas horas pela União de Operários da Construção da República Argentina (Uocra), informou o secretário regional de Mendoza, Fernando Anaya. "Estamos preparando uma nota para pedir a prorrogação para o maior tempo possível", disse Anaya à Agência Estado. Ele explicou que a audiência no ministério deve ser marcada para terça ou quarta-feira. "Queremos estender o prazo de conciliação para algo entre seis meses a um ano", afirmou o sindicalista.O sindicato dos operários de mineração também tenta obter a garantia de pagamento dos salários de cerca de 4.500 trabalhadores por um período entre seis meses e um ano. Porém, pela lei trabalhista argentina, conforme explicou uma fonte oficial, a prorrogação só é permitida por uma vez e pelo mesmo período estipulado: 20 dias. "Esse é o prazo máximo previsto pela lei, mas o assunto é político e não sabemos se o tempo pode ser maior", disse a fonte. No período da conciliação, a empresa fica proibida de demitir e está obrigada a manter o pagamento dos salários.Na terça-feira (09), a Comissão de Mineração, Energia e Combustíveis do Senado fará uma audiência pública, a partir das 11 horas (horário de Brasília), com autoridades de Mendoza, da Administração Pública Federal e com representantes do projeto. O governador Francisco ''Paco'' Pérez vai participar da audiência e, depois, embarcará em uma viagem à China, onde tentará captar novos investidores para dar continuidade ao projeto.A Vale previa investir US$ 5,9 bilhões na mina de potássio, dos quais US$ 2,2 bilhões foram executados, para produzir 4,3 milhões de toneladas de potássio. No último dia 11, a mineradora suspendeu o projeto alegando que "no contexto macroeconômico atual os fundamentos econômicos do projeto não estão alinhados com o compromisso da Vale com a disciplina na alocação de capital e criação de valor". Porém, na nota divulgada, a Vale deixa implícito que poderá buscar uma saída para o caso, ao afirmar que continuará buscando soluções que possam viabilizar a retomada do projeto."Ainda não descartamos nenhuma hipótese, inclusive a de conceder os benefícios fiscais que a Vale pede", disse uma fonte da província. A fonte afirmou que o assunto será levado à audiência do Senado. "O que o governo está buscando, de alguma maneira, é obter respaldo político para conceder alguma isenção fiscal à Vale e tentar reverter a situação com o aval do Senado", emendou. "Se houver essa possibilidade, queremos que seja avalizada pelo Senado", ressaltou.A fonte disse que a ideia é ter alternativas viáveis até o fim do mês, quando as presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner vão se reunir. O encontro estava previsto para o dia 7 de março, mas foi cancelado por causa da morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O problema relacionado à Vale estava na pauta do encontro que não ocorreu e a companhia acabou suspendendo o projeto. A nova data para o encontro entre as duas presidentes seria em 25 de abril. "Estamos trabalhando com essa possibilidade, mas ainda não está confirmada", disse um diplomata brasileiro.A fonte do governo de Mendoza informou que tampouco está descartada uma negociação para que a Vale abra mão da concessão da mina, cuja retomada por parte do governo para incluir outros parceiros não seria tão fácil. A lei de promoção do setor de mineração prevê um período de quatro anos sem investimentos para configurar a figura de abandono do projeto, o que justificaria a retomada da concessão."A Vale se apegou ao código do setor para manter a concessão, mas não podemos deixar essa mina aberta no meio de Mendoza e com tantos operários sem trabalho", reclamou a fonte, destacando que a audiência no Senado pretende "mover todas as instâncias possíveis para determinar como o projeto pode ser levado adiante com ou sem a Vale".

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