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Sindipetro: Repar está praticamente parada após incêndio

Por Antonio Pita
Atualização:

Responsável por 12% da produção nacional de refino, a unidade Repar, da Petrobras, está "praticamente parada" após um incêndio de grandes proporções no último dia 28. A denúncia é do Sindicato de Petroleiros do Paraná (Sindpetro), que alerta para o impacto sobre a produção de combustíveis e, consequentemente, sobre o caixa da Petrobras. Segundo os dirigentes do sindicato, serão necessários 30 dias até que a produção seja normalizada, o que pressionará a estatal a ampliar suas importações. O sindicato decide neste sábado, 07, se entra em estado de greve para pressionar a empresa por melhores condições de segurança na refinaria."O incêndio atingiu o ponto de partida da refinaria, onde é feito o fracionamento do óleo para depois gerar os subprodutos, como querosene de aviação, gasolina e outros subitens. Sem essa unidade, a refinaria não funciona", explica o presidente do Sindpetro, Silvanei Bernardes. Segundo ele, a atual produção da unidade está utilizando produtos previamente estocados, mas parte das estações de refino já está parada e outras em ritmo baixo de produção. "Do ponto de vista do processamento, a refinaria parou. Não tem volta esse prejuízo econômico", completa."A refinaria é responsável por 12% da produção, e por isso a conta de que poderá reduzir em cerca de 10% a produção deste mês. Isso não significa desabastecimento pois pode haver importação, mas dessa forma, tem um impacto econômico forte sobre a empresa. Para atender a demanda nacional, como ela é obrigada a garantir o abastecimento, terá que importar mais gasolina e comprometerá ainda mais a sua situação", alerta Bernardes.A importação de gasolina pela cotação internacional associado a uma revenda com preços abaixo do mercado têm causado uma forte pressão sobre o caixa da empresa, que está em nível crítico segundo analistas do mercado. Na última semana, a aprovação de um reajuste abaixo da expectativa contribuiu para piorar a imagem da empresa frente aos investidores por demonstrar a falta de independência em relação às políticas econômicas do governo, que teme o impacto dos reajustes sobre a inflação. A diretoria chegou a propor um modelo de reajuste automático, o que teria sido vetado pelo Ministério da Fazenda.Acidente No último dia 28 de novembro, uma explosão atingiu uma tubulação na Unidade de Destilação Atmosférica da Repar, por volta das 22h30. O incêndio durou cerca de duas horas e assustou moradores vizinhos da comunidade. Segundo Silvanei Bernardes, uma tubulação se rompeu gerando um "chafariz de óleo queimando a 300 graus de temperatura, como um grande maçarico". O rompimento do tubo teria sido causado por problemas de manutenção, de acordo com o sindicalista. Em sua avaliação, houve falha na medição da corrosão da tubulação.A Petrobras investiga o acidente e, procurada, não se posicionou até o momento. Uma empresa foi contratada para avaliar o impacto do incêndio sobre a estrutura da refinaria e indicar a possibilidade de retomada da produção, estimado pela Petrobras em até 10 dias. Entretanto, segundo o Sindpetro, o parecer final aponta para "um risco iminente de desabamento" e seriam necessários ao menos 30 dias para a normalização da produção na Repar."É imprevisível o tempo necessário para a retomada. É preciso substituir a estrutura, trocar alguns equipamentos. É como a montagem de um quebra-cabeça, com várias peças na engrenagem. Vai depender das condições de segurança. Não há por que colocar mais pessoas em risco, com a possibilidade de uma tragédia ainda maior", avalia Bernardes.

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