DECISÃO DEVE SER RÁPIDA
A Vivendi, que controla a Universal Music Group e operadora de TV por assinatura francesa Canal Plus, deverá avaliar não apenas o preço e dinheiro na oferta dos concorrentes, mas também a força da futura empresa brasileira em que possuiria uma participação minoritária.
A empresa também deve decidir se quer uma participação na Telecom Italia, ex-monopólio fortemente endividado que ganha altas margens de lucro em seu mercado doméstico, mas precisa de um investimento enorme na rede para voltar a crescer.
Uma pessoa familiarizada com a estratégia da Vivendi disse na noite de quarta-feira que a empresa francesa poderia tomar uma decisão rapidamente.
"O conselho pode decidir levar algum tempo para examinar as ofertas ou poderia decidir negociar como uma prioridade com um dos lados", disse a pessoa.
As ações da Vivendi caíam 0,62 por cento às 8h48 no horário de Brasília.
A ideia de que a Vivendi consideraria tomar uma participação na Telecom Italia, depois de passar tanto tempo tentando focar em mídia, deixou alguns investidores questionando as motivações de Bolloré.
"No papel, é claro que a oferta da Telefónica parece mais atraente, uma vez que tem um valor mais alto e elevou o componente de caixa", disse o analista da Kepler Securities Conor O'Shea.
"Mas o fator Bolloré é um curinga - ele tem interesses comerciais na Itália, por isso, alguns se perguntam se há uma razão pela qual ele e Vivendi querem possuir uma grande participação na Telecom Italia."
Bolloré detém 7 por cento do banco italiano Mediobanca, o banco de investimento que tem sido por muito tempo o coração das altas finanças da Itália, e costumava fazer parte do conselho da seguradora Generali.
Ambas as ofertas de Telecom Italia e da Telefónica fundiriam a GVT, que oferece banda larga e TV para clientes no Brasil, com seus respectivos negócios móveis locais.
A Telefónica detém a maior operadora móvel do Brasil, a Vivo, enquanto a Telecom Italia detém a número dois TIM.
Conseguir a GVT é crucial para ambas as empresas, uma vez que seus mercados domésticos europeus vêm encolhendo nos últimos anos em meio à feroz concorrência de preços. O Brasil é responsável por um quinto da receita da Telefónica e um terço das vendas da Telecom Italia.
(Reportagem de Tracy Rucinski em Madri e Gwenaelle Barzic em Paris)