PUBLICIDADE

Telecom Italia enfrenta dilema após perder disputa pela GVT

Ter vencido a disputa pela GVT, da companhia de mídia francesa Vivendi, era vital tanto para a Telecom Italia como para sua rival, a espanhola Telefónica

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:
A Telecom Italia perdeu a disputa para a Telefónica, já que não pôde superar a oferta de 7,45 bilhões de euros pela GVT Foto: MAX ROSSI/REUTERS

A Telecom Italia perdeu um caminho promissor para o crescimento de seu lucro ao não garantir a compra da operadora de banda larga brasileira GVT, e pode agora ser alvo de aquisição em uma indústria que se consolida rapidamente.

PUBLICIDADE

Ter vencido a disputa pela GVT, da companhia de mídia francesa Vivendi, era vital tanto para a Telecom Italia como para sua rival, a espanhola Telefónica, enquanto os mercados europeus encolhem. A Itália enfrentou uma guerra de preços no mercado móvel no ano passado, as receitas estão caindo e a competição se mantém forte.

A Telecom Italia perdeu a disputa para a Telefónica, já que não pôde superar a oferta de 7,45 bilhões de euros pela GVT. A Telecom Italia tem dívidas de 32 bilhões de euros (42 bilhões de dólares), de acordo com a agência de classificação de risco Moody's, e perdeu sua nota de grau de investimento no ano passado.

A compra da GVT poderia solucionar a maior fragilidade da TIM no Brasil, o fato de não ter redes de banda larga fixa.

A Telecom Italia poderá considerar agora deixar o país, que representa um terço de sua receita, o que lhe permitirá pagar alguma parte de sua dívida, mas a deixaria ainda mais dependente de um mercado doméstico fraco.

Sete fontes do setor bancário e investidores entrevistados pela Reuters nesta sexta-feira apontaram a Telecom Italia como uma empresa sem direção clara que poderá ter dificuldades para levantar recursos de acionistas para financiar importantes melhoras de sua rede.

O presidente-executivo Marco Patuano "está humilhado", disse um banqueiro sediado em Milão. "Ele vendeu de forma agressiva (o acordo da GVT) como a resposta para os críticos da Telecom Italia e agora precisa voltar à comunidade financeira para dizer quais são os próximos passos."

Publicidade

"Não haverá um aumento de capital simplesmente porque vai levar tempo para que a companhia se recupere desse revés e crie uma nova estratégia -- você não pode pedir mais ações sem um plano estratégico claro."

A base de acionistas da Telecom Italia adiciona mais confusão à situação. A Telefónica é agora seu maior acionista indireto, com 14,8 por cento de participação, mas venderá parte de sua fatia à Vivendi como forma de pagamento pela GVT. Instituições financeiras italianas também querem sair do que tem sido um investimento não rentável desde 2007.

A Vivendi deverá aceitar uma fatia de 5,7 por cento da Telefónica na Telecom Italia, ou uma participação de 8,3 por cento com direito a voto, disseram fontes à Reuters. Analistas especulam se a Vivendi também poderia mais tarde comprar a participação dos demais investidores italianos.

Alguns dizem que o dilema de Patuano faz da Telecom Italia um potencial alvo de compra para operadoras como Deutsche Telekom ou Vodafone.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Telecom Italia e Telefónica competem no Brasil com Vivo e TIM Participações.

FUTURO NO BRASIL

A estratégia de Patuano revelada no ano passado traçou a venda de ativos na Argentina e em outros locais para ajudar a financiar investimentos em redes na Itália com o objetivo de impulsionar a velocidade da banda larga e lançar a tecnologia 4G. Ele reafirmou que a TIM continua um ativo-chave para o futuro do grupo. A devoção de Patuano ao Brasil pode ser testada em breve. A operadora Oi, maior empresa brasileira de telecomunicações no segmento fixo, disse que deverá apresentar uma oferta para comprar a TIM. Segundo uma fonte próxima ao tema, a ideia seria se unir a Vivo e Claro em uma proposta conjunta. Uma venda ajudaria a Telecom Italia a reduzir sua dívida. A agência de rating Fitch estimou na sexta-feira que a venda da TIM poderia reduzir a alavancagem com base no indicador dívida líquida/Ebitda de 0,2 a 0,4 vezes. Uma fonte do setor bancário que trabalha para a Telecom Italia disse que Patuano "não quer vender a unidade brasileira, mas não existe um plano B no momento". Ele deu três opções para o grupo: vender para uma rival europeia maior como a Deutsche Telekom, perseguir uma união no Brasil, talvez lançando um aumento de capital para comprar a Oi, ou buscar uma consolidação na Italia com o grupo Mediaset, de Silvio Berlusconi. Ele acrescentou que a "melhor opção" para a Telecom Italia seria uma fusão com a Oi, já que faria sentido unir a maior operadora de linhas fixas com a segunda maior operadora móvel do país. (Por Leila Abboud, Pamela Barbaglia e Stephen Jewkes)

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.