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Telefônica sairá da Telecom Itália depois de concluir a compra da GVT

Presidente do Conselho da operadora espanhola admitiu que a empresa quer se desfazer das ações que possui da tele italiana; na semana passada, grupo fez oferta de € 7,45 bilhões pela GVT

Por Reuters
Atualização:

A espanhola Telefônica, controladora da Vivo, planeja se desfazer de sua participação na Telecom Itália após o grupo finalizar a compra da unidade brasileira de banda larga GVT, que pertence à francesa Vivendi, disse, nesta segunda-feira, o presidente do conselho da companhia, César Alierta.

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“Após a operação da GVT, a mensagem é clara: não queremos permanecer na Telecom Itália”, afirmou durante uma conferência sobre telecomunicações em Santander, no norte da Espanha. A Telecom Itália não quis comentar o assunto.

O grupo espanhol detém uma participação na Telecom Itália desde 2007, quando, junto com as italianas Intesa Sanpaolo, Mediobanca e Generali, criou a holding Telco. O objetivo, na ocasião, era impedir a compra da Telecom Itália pela americana AT&T e pelo magnata mexicano Carlos Slim. Apesar de o movimento ter sido estratégico para a Telefônica, acabou sendo um investimento deficitário.

As relações entre as duas companhias ficaram tensas na semana passada, quando a Telefônica venceu a Telecom Itália em uma disputa pela compra da GVT. A escolha da Vivendi pela espanhola foi um golpe contra a a italiana, que pode virar alvo de aquisição em uma indústria que se consolida rapidamente.

Nos últimos meses, a Telefônica tomou medidas para vender parte de sua fatia na Telecom Itália por meio da holding Telco. A empresa espanhola deterá 8,3% dos direitos a voto na Telecom Itália depois de converter um bônus de três anos em ações da Telecom Itália.

A Telefônica ofereceu esses direitos remanescentes à Vivendi como parte de sua oferta em dinheiro e ações pela GVT, na semana passada, totalizando € 7,45 bilhões, e em sinal de que estava pronta para cortar laços com a Telecom Itália. A espanhola informou que vai emitir € 3,4 bilhões em novas ações para ajudar a financiar a parte em dinheiro do acordo com a GVT. Alierta também disse que poderá usar ações detidas em tesouraria se as condições do mercado tornarem um aumento de capital muito difícil.

“Não estamos preocupados sobre o financiamento do acordo com a GVT. Obviamente, podemos usar nossas ações em tesouraria para determinados fins... e se o mercado ficar histérico porque tanques russos estão entrando na Ucrânia, não é ‘culpa’ de nossos acionistas”, disse. 

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Preocupação regulatória. Vender a participação na Telecom Itália ajudaria o grupo espanhol a acalmar reguladores sobre a concorrência no Brasil, seu segundo maior mercado atrás da Espanha em termos de geração de caixa. Dona da Vivo, líder no Brasil, a Telefônica compete diretamente com a TIM Participações, da Telecom Itália no País. 

Em dezembro, o Cade deu 18 meses à Telefônica para vender sua fatia na Telecom Itália ou buscar um novo parceiro para a Vivo. Com o mercado italiano estagnado e de olho na expansão no Brasil, vender as ações da Telecom Itália é considerada mais estratégica para a companhia, informou uma fonte.

A Vivendi deve assumir 5,7 % das ações da Telefônica na Telecom Itália, ou 8,3% dos direitos a voto, disseram fontes à Reuters, e também pode acabar se tornando o maior investidor na companhia italiana. A Vivendi também poderá comprar a participação dos investidores italianos na Telco. 

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