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Usiminas vai demitir mais 500 funcionários em Cubatão

Desde que anunciou a paralisação da produção de aço na planta de Cubatão, em outubro do ano passado, a Usiminas já dispensou 2,2 mil trabalhadores

Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

SANTOS - A Usiminas (Ternium/Nippon Steel) vai demitir mais 500 funcionários da unidade de Cubatão, no litoral sul de São Paulo, até o próximo dia 15 de julho. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista, que participou de uma reunião nesta terça-feira, 14, com a empresa. Segundo Claudinei Rodrigues Gato, vice-presidente do sindicato, o encontro foi agendado pela siderúrgica.

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"Essas demissões não estavam previstas no cronograma de ações apresentado em outubro do ano passado para paralisar a produção de chapas em Cubatão. Fomos chamados pela empresa para esse encontro e ouvimos a proposta de demissão de mais 500 trabalhadores, mas recusamos o acordo e abandonamos a reunião", diz Gato. 

"Fomos imediatamente ao Ministério Público e fizemos uma denúncia. Desde que anunciou a paralisação, em outubro do ano passado, a Usiminas já mandou 2,2 mil trabalhadores para a rua, mas havia informado que seriam 1.800. Agora, são mais 500. Eles estão demitindo sem parar, aos poucos", afirmou Gato.

A Usiminas demitiu já trabalhadores e cortou produção na unidade de Cubatão Foto: Estadão

Resposta. Procurada pela reportagem, a Usiminas confirmou a reunião desta terça-feira e também a apresentação de um acordo aos metalúrgicos e a representantes do Sindicato dos Engenheiros, presentes no encontro, mas a empresa não quis revelar quantos empregados vai demitir neste novo corte.

"A Usiminas está adequando o quadro de pessoal da Usina de Cubatão à realidade do mercado brasileiro de aço, em função do agravamento da crise de demanda. Apenas nos cinco primeiros meses deste ano, o consumo de aço no País despencou 25,8% em relação ao mesmo período de 2015 que, por sua vez, já havia sido 10,9% menor do que em 2014. Diante deste cenário de profundos desafios, a Usiminas buscou negociar com os sindicatos, nesta terça-feira, benefícios extras para reduzir o impacto social da medida. No entanto, o Sindicato dos Metalúrgicos recusou-se a discutir o tema, enquanto o Sindicato dos Engenheiros concordou em continuar o diálogo", diz a empresa em nota.

A siderúrgica disse ainda que vai oferecer aos empregados desligados um conjunto de benefícios extras, que englobam manutenção dos planos de saúde e odontológico por 3 a 6 meses, opção por auxílio-alimentação por até 4 meses ou retorno de férias correspondente a 20 dias de trabalho, pagamento de contribuição previdenciária por três meses, seguro de vida por até quatro meses, prioridade na recontratação quando da reativação dos equipamentos, treinamentos para recolocação profissional e cartas de recomendação.

Aporte. Em reportagem publicada pelo Estado no último dia 8 de junho, o atual presidente da Usiminas, Sérgio Leite, afirmou que, em um prazo de 30 dias, será concluído o processo de aumento de capital de R$ 1 bilhão do grupo. O aporte, segundo ele, será suficiente para que a empresa pare de queimar seu caixa e comece a gerar resultados positivos. 

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A renegociação das dívidas, de quase R$ 8 bilhões, deve ser concluída no prazo de 120 dias dado à Usiminas em meados de março. A escolha de Leite é contestada pelo grupo japonês Nippon, mas teve o apoio do ítalo-argentino Ternium. Os dois são os maiores sócios da companhia.

Paralisação. A Usiminas anunciou em outubro do ano passado a decisão de desativar temporariamente a produção de aço em Cubatão, argumentando que a crise econômica e a queda de consumo no País têm provocado prejuízos frequentes. 

"O consumo de aço no Brasil despencou 16,7% em 2015 em relação a 2014, que por sua vez já havia sido 6,8% menor do que em 2013. Os dados oficiais são do Instituto Aço Brasil. Já o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA) divulgou que as vendas de aços planos na rede de distribuição registrou, em 2015, os piores patamares desde 2006 e que, para 2016, espera uma queda de 5%. Diante desta crise sem precedentes, a Usiminas não teve alternativa senão ajustar sua capacidade de produção à realidade do mercado", diz a empresa.

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