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Vale reverte lucro e tem prejuízo de R$ 44,2 bi em 2015

Ajustes contábeis e aumento de custos devido à alta do dólar impactaram o resultado; no quarto trimestre, o prejuízo da mineradora somou R$ 33 bilhões

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Por Fernanda Guimarães e
Atualização:
Mesmo com produção recorde, mineradora teve prejuízo em 2015 Foto: Márcio Fernandes/Estadão

SÃO PAULO - Após o lucro de R$ 954 milhões e em 2014, a mineradora Vale reportou um prejuízo líquido de R$ 44,213 bilhões em 2015. Somente no quarto trimestre, o prejuízo somou R$ 33,156 bilhões, quase cinco vezes maior do que o registrado no trimestre anterior.

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Em relatório, a empresa menciona o sólido desempenho operacional, relembrando que alcançou diversos recordes anuais de produção em 2015, como oferta de minério de ferro e produção de níquel. A receita bruta totalizou R$ 86,9 bilhões no ano passado, o uma redução de R$ 2,976 bilhões em comparação com 2014, em razão de menores preços de minério de ferro, pelotas, níquel e outras commodities.

A redução na receita causada pela queda nos preços, no entanto, foi parcialmente mitigada pelos maiores volumes de venda (R$ 5,501 bilhões) e pelo impacto favorável da desvalorização do real em relação ao dólar norte-americano e outras moedas (R$ 25,934 bilhões).

Por outro lado, os custos e despesas totalizaram R$ 76,4 bilhões em 2015, aumentando R$ 7,8 bilhões em relação a 2014, devido, principalmente, ao impacto da variação cambial. A Vale cita, por exemplo, o aumento de custos com frete marítimo de minério de ferro e os custos das operações de metais básicos fora do Brasil.

A mineradora também citou os ajustes contábeis de ativos e de investimentos para explicar o resultado. Estes ajustes, assim como o reconhecimento de contratos onerosos, somaram R$ 36,3 bilhões no ano passado. "A redução de R$ 45,167 bilhões no lucro líquido deveu-se, principalmente, à menor margem Ebitda, aos maiores impairments (ajuste contábeis) registrados em 2015 e ao efeito negativo nos resultados financeiros da depreciação ponta a ponta do real contra o dólar, de 47% em 2015", disse.

A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no ano passado foi de 23,654 bilhões, recuo de 24% ante o ano imediatamente anterior. No último trimestre do ano passado, o Ebitda ajustado foi de R$ 5,386 bilhões, recuo de 3% na base anual e de 21% na trimestral.

A alavancagem da Vale, medida pela razão da dívida bruta pelo Ebitda ajustado, subiu de 2,2 vezes no fim de 2014 para 4,1 vezes em 2015. A dívida líquida da Vale no fim do ano passado subiu 2,2% em um ano e alcançou US$ 25,234 bilhões no final de 2015. 

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Produção. No quarto trimestre do ano passado, a produção própria da Vale ficou em 85,361 milhões de toneladas, expansão de 2,9% em relação ao mesmo intervalo de 2014, mas queda de 3,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Com a compra de terceiros, o volume foi a 88,411 milhões de toneladas, aumento de 2,4% na comparação com o último trimestre de 2014. Ante o terceiro trimestre de 2015, houve um decréscimo de 2,6%, conforme o relatório de produção divulgado no semana passada.

Já em 2015, a produção de minério de ferro da Vale atingiu 345,879 milhões de toneladas, um crescimento de 4,3% em relação ao visto um ano antes. De acordo com a companhia, o volume anual de produção é recorde. Com isso, a mineradora brasileira superou a meta de produção divulgada, de 340 milhões de toneladas.

Investimentos. Conforme já anunciado pela Vale, os investimentos realizados no ano passado pela companhia foram 30% menores do que os vistos em 2014 e atingiram US$ 8,4 bilhões. A projeção passada inicialmente pela companhia, em dezembro de 2014, apontava para um capex de cerca de US$ 10 bilhões, mas a empresa já havia admitido que os investimentos ficariam entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões no ano passado. Do total investido no ano passado, US$ 5,548 bilhões foram destinados a execução de projetos e US$ 2,8 bilhões a investimentos correntes na manutenção das operações.

Dando continuidade ao seu programa de desinvestimento, a Vale levantou US$ 3,5 bilhões no ano passado, com US$ 1,3 bilhão proveniente da venda de 12 navios very large ore carriers (VLOC) para empresas chinesas, US$ 1,089 bilhão da venda de 36,4% das ações preferenciais MBR, US$ 900 milhões de outra transação de goldstream e US$ 97 milhões da venda de ativos de energia.

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