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Vencedoras de leilão de aeroportos podem dispensar crédito do BNDES

Para superintendente do banco, diante do poder de fogo das empresas no mercado global de crédito, grupos europeus que levaram 4 terminais no País podem abrir mão de recursos

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Os três grandes grupos europeus de infraestrutura que arremataram os quatro aeroportos – Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre – concedidos à iniciativa privada em março entraram com pedido de crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, a superintendente da Área de Saneamento e Transporte do BNDES, Luciene Machado, afirma que as empresas podem abrir mão dos recursos do banco, diante do poder de fogo dessas companhias no mercado global de crédito.

As empresas – que ganharam os leilões sem se associarem a grupos nacionais – ainda não bateram o martelo sobre os financiamentos. Pelas condições de crédito divulgadas pelo BNDES antes do leilão, os empréstimos da instituição de fomento vão ficar limitados a 40% do valor dos investimentos nas obras.

Aeroporto de Fortaleza foi arrematado pela alemã Fraport em março Foto: Jarbas Oliveira/Estadão

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Para Luciene, a tendência é que as empresas não utilizem os recursos do BNDES ou peçam o empréstimo no valor máximo. Um empréstimo abaixo do limite seria pequeno demais para valer a pena. “O tamanho dos ‘capex’ (investimentos em ampliação de capacidade, no jargão do mercado) envolvidos, para o porte desses grupos, são valores modestos. Isso dá para esses grupos uma possibilidade de escolhas muito grande”, disse a executiva.

Se as empresas deixarem de lado o crédito do BNDES, será mais uma mudança no mercado brasileiro de infraestrutura. O leilão desses aeroportos já havia chamado a atenção pela ausência das grandes construtoras nacionais, atingidas pela Operação Lava Jato, e pelo sucesso das “grifes” do setor aeroportuário mundial.

Juntos, os quatro aeroportos exigirão R$ 3,72 bilhões em outorgas pagas ao governo federal e mais R$ 6,6 bilhões em obras, valores a serem gastos ao longo da concessão, que vai de 25 a 30 anos, conforme o aeroporto. O limite de 40% dos investimentos em obras equivaleria a cerca de R$ 2,6 bilhões, o que dá uma média de R$ 650 milhões por cada terminal aéreo.

Capacidade. O valor é pequeno diante do tamanho dos grupos. A francesa Vinci, que atua em construção e concessões de rodovias e ferrovias, faturou ¤ 38 bilhões ano passado. A Fraport opera 24 aeroportos pelo mundo e teve receita de ¤ 2,586 bilhões em 2016. Já a Zurich faturou 1 bilhão de francos suíços (R$ 3,2 bilhões) ano passado.

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A superintendente do BNDES chamou a atenção para a mudança no perfil dos empreendedores no modelo de concessões dos aeroportos leiloados em março. No modelo dos aeroportos privatizados no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, os operadores eram ligados às empreiteiras. Agora, os vencedores foram companhias de infraestrutura.

Segundo Cláudio Firschtak, sócio Inter.B Consultoria, o modelo atual, ao deixar de fora a estatal Infraero e privilegiar a operação e a prestação dos serviços de infraestrutura, atrai mais financiadores. “Se você é o financiador, para quem prefere emprestar? Para o operador, que conhece o negócio, minimiza dispêndios e foca na eficiência”, afirmou. O modelo anterior, ao privilegiar as empreiteiras, que lucram nas obras, incentivava a construção de “elefantes brancos”, com excesso de capacidade, disse o consultor.

Assim, segundo Frischtak, no novo modelo, a participação do BNDES pode ser diferente, atuando na coordenação, estruturação e nas garantias dos projetos. Segundo Luciene, a definição sobre a participação do banco brasileiro na engenharia financeira dos projetos será tomada ao longo das negociações com as empresas.

A Fraport, que levou as concessões dos aeroportos de Porto Alegre e Fortaleza, deverá tomar uma decisão até o fim de outubro, disse a executiva. Procurada, a empresa não retornou até o fechamento desta edição.

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A Zurich, que é sócia da CCR na concessão do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, e saiu do leilão de março com a operação do Aeroporto de Florianópolis, pretende definir o financiamento até o fim do ano. Em nota, a concessionária Floripa Airport informou que está “finalizando o levantamento de nossas necessidades de financiamento e quais são as opções disponíveis no mercado, sendo o BNDES uma delas”.

O Estado também pediu entrevista para a Vinci Airports, mas, não conseguiu retorno.

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