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Guia para combater comentários masculinos grosseiros no trabalho

Colunista do jornal 'The New York Times' mostra como as mulheres incomodadas com 'ambiente hostil' no trabalho podem defender seus direitos

Por Rob Walker
Atualização:
Comentários grosseiros tornam o ambiente hostil: como se defender Foto: Divulgação

Recentemente, tenho ficado cada vez mais incomodado com os comentários, conversas e gestos inapropriados de dois colegas de trabalho (um deles é gerente) sempre que uma mulher atraente passa perto deles. Seu sexismo descarado é incrivelmente ofensivo.

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O comportamento desses colegas, ambos na faixa dos 40, não é novidade, mas isso me parece tamanha falta de profissionalismo que finalmente decidi procurar outro gerente da minha idade - 30 - para falar no assunto. Ele respondeu que os homens têm instintos e é perfeitamente natural que tenham uma reaçãoum pouco sexual ao verem uma mulher bonita.

Estou com dificuldade para aceitar essa resposta. Mas, o que devo fazer em seguida? Não posso acreditar que, em 2014, ainda tenhamos que suportar esse tipo de comportamento anacrônico. Amy, Nova York

Antes de responder a este caso específico, é bom termos uma ideia geral do ponto de vista do direito. Para tanto, conversei com Zöe Panarites, advogada trabalhista de West Palm Beach, Flórida, que costuma ter como cliente a diretoria.

Sem comentar esse episódio em particular, Zöe diz que o problema relevante para o direito é se os comentários grosseiros constantes criam um "ambiente de trabalho hostil" - levando assim a uma queixa de discriminação perante a Comissão para a Igualdade de Oportunidades de Emprego. Isso colocaria em curso um procedimento que pode resultar num processo penal.

Os detalhes jurídicos que definem um "ambiente de trabalho hostil" variam de acordo com o tamanho da empresa e a legislação estadual. (O site eeoc.gov traz boas informações quanto a esse ponto.) 

Mas Zöe diz às empresas sob sua orientação que é possível minimizar a exposição ao litígio se a situação for abordada com consideração - e ao enfrentar as queixas de comportamento potencialmente ofensivo. Mesmo que a autora da carta não seja subordinada direta do gerente machista que ela descreve nem àquele que fez pouco da queixa dela, por exemplo, "Eles estão definindo o ambiente", diz Zöe.

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"A pessoa precisa se sentir à vontade no trabalho para poder desempenhar a função para a qual foi contratada", prossegue ela, e se os comentários sexistas criam desconforto, então desmerecer o problema com a desculpa de que os homens são mesmo ogros não é suficiente. (E, como Zöe indica aos clientes, o trabalhador não incorre em nenhum custo ao prestar uma queixa na EEOC.)

Bem, temos aí um pouco de contexto. Mas, para tratar dessa situação especificamente, eu diria algumas coisas. O gerente está obviamente equivocado em afirmar que fazer comentários machistas a respeito das mulheres próximas faz parte de ser homem. E, se isso ocorre abertamente num ambiente de trabalho, temos um problema sério.

Eu deixaria de lado qualquer tentativa de seguir debatendo com ele, ou com colegas que pareçam figurantes num episódio ruim de Mad Men. Procure na hierarquia um superior com quem se sinta à vontade e manifeste sua queixa. (Se necessário, cite as políticas da própria empresa ligadas à EEOC.) 

Parece que seu objetivo não é punir alguém por uma grosseria anterior, e sim colocar um ponto final nesse tipo de coisa. Assim, deixe bem claro: esse tipo de comentário tem um efeito negativo no ambiente de trabalho e precisa acabar.

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Em termos legais, uma queixa direta - mais uma vez, dependendo do tamanho da empresa e local de operações - pode garantir uma espécie de "status protetor" à pessoa que a apresenta, destaca Zöe, colocando sob suspeita qualquer atitude adversa subsequente da pessoa no trabalho e podendo levar a uma queixa retaliatória. Dito isso, um processo penal não é divertido para nenhum dos envolvidos, e não estou sugerindo que este deve ser o objetivo final.

É provável que a empresa também prefira evitar esse rumo. Você tentou manifestar suas preocupações informalmente e recebeu uma resposta justificando o machismo. A essa altura, você pode prestar uma queixa formal à diretoria - ou começar a enviar currículos para o século 21. /Tradução de Augusto Calil

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